segunda-feira, janeiro 30, 2012

Férias da monotonia do ser

Férias, o que significa?
Enquanto muitos procuram
Distração por fora
Faço uma imersão
Mergulho
Vou fundo
Busco algo por dentro
Num livro, num vídeo, no outro
No íntimo de mim

Não é algo melhor
Ou pior que ninguém
Só algo que chama
Pois o silêncio reclama
Fala o quão agitado é meu ser

São palavras, frases, histórias
Lembranças, andanças, mudanças
Que preciso fazer
Que inquieta meu ser

Ser o quê?
Preciso fazer minha parte
Quero alimentar a minha arte
Ter resiliência, persistência
Por mais que digam o contrário
Sei que sou algo único
Algo entre muitos
Algo que não posso trancar no armário
Alienar-me, tornar-me ordinário

É minha história
Minha memória
Minha visão
Minha pretensão
Resultado de minha ação
O que fazer, então?

Quero acreditar
Num mundo imaginário
Mágico
Por que não?
Somos tão bizarros
Um universo de contradição
Tão contrários a algo estático
Fidelidade de otários

Não acredito mais
Nessa religião irracional
Ou nessa realidade racional
Que o ser humano criou
Há pouco tempo
Justamente com nome de Renascimento
Enterramos o que de mais precioso temos
Não me contento

Vou fundo
Em busca do sexto, sétimo sentido, mergulho
Cada vez mais profundo
Descubro novos sentidos, crio mundos
Para felicidade, sucesso, retorno, algo novo
Não algo fabricado, que está no entorno
Não quero mais pagar caro
Viver no serrado
O marketing do futuro

Nada é mais frustrante
Do que correr, correr
E terminar afogado
Uma vida toda
Por algo
Que não era o esperado
Ralo, insípido, abstrato

Os deuses vão ajudar
Quem continuar pensando
Sonhando
Por uma vida mais equilibrada
Mas amorosa
Mas harmoniosa
Sentido abstrato
Algo nato
Sem esforços heróicos
Quero algo de saciedade
Satisfação.