quarta-feira, dezembro 06, 2006

Amiga do Tempo

Amiga do tempo

Este ano foi especial pra mim
Sofri muito
Fiquei doente praticamente o tempo todo
Por algum tempo
Perdi toda a minha força

Amei demais
Morri por algum tempo
Renasci a tempo suficiente
De enxergar que cada momento vale a pena

Lutei contra minha vontade
Trabalhei com todas as minhas forças
Vi-me em situações complicadas
A sorte e o tempo mantiveram-se ao meu lado
Hoje, após tanto tempo, sou reconhecida na profissão que escolhi

Aprendi que relacionamentos acabam
Com o momento de vida de cada um
Não só no amor, como na amizade
Com este conhecimento, criei laços que serão duradouros
Não digo eternos por ser sinônimo de muito tempo
Não sei se teremos

Aprendi a dar amor
Aprendi a receber amor
Mudei meus objetivos
Mudei alguns sonhos
E o principal
Torne-me a melhor amiga do tempo

Aproveitei o pouco tempo que tinha para amar
Ao invés de dar tempo para o sofrer
Dei tempo ao tempo para curar minha dor

Dou tempo para que o futuro me diga o que será
Tornar-me feliz com o tempo que até agora gastei
E todo tempo que tenho pela frente
Ao invés de gastar mais tempo reclamando do tempo que perdi

Dei tempo para que todos se mostrassem
Como realmente são
Dou tempo para que eu possa realizar meus sonhos
Dou tempo para que os laços criem força

Dei-me tempo para descansar
Tempo para meditar
Aprendi a gastar tempo com quem se gosta

Hoje vejo que
Estou em tempo de ter paz
Tempo de ser feliz
Tempo para dizer que sou um aprendiz

terça-feira, novembro 28, 2006

Almost - Tracy Chapman

Almost got what I want
Almost found what I lost
Almost saved you and myself
Almost won but it doesn't count
And never does
Never does

One green light
One more ring of the telephone
One more step
One more second
And I almost
Almost

Almost got what I want
Almost found what I lost
Almost saved you and myself
Almost won but it doesn't count
And never does
Never does

One hello
Just one kiss before the tears come
One yes
One chance
And I almost
Almost almost almost

Almost got what I want
Almost found what I lost
Almost saved you and myself
Almost won but it doesn't count
And never does
Never does

One day one year
5,000 weeks
A life of good works and good deeds
Let me be let me be closer
Or let me be
Let me be
Let me be

When I've almost got what I want
Almost found what I lost
Almost saved you and myself
Almost won but it doesn't count
And never does
Never does

One good guess
A question with an answer that I know
One idea
One grand notion
And I almost
Almost almost almost

Almost got what I want
Almost found what I lost
Almost saved you and myself
Almost won but it doesn't count
And never does
Never does
Never does
Never does

Tracy Chapman

Protesto

Por que a vida me testa tanto?
Testa tanto os meus limites?
Por que eu sempre acho uma palhaçada o que sinto?
E deixo que o sentimento fique retraído até explodir

Por que é tão complicado conviver comigo?
Ou eu facilito a convivência até eu não agüentar mais?
Acabo sendo perfeita
E a imperfeição acaba sendo um ataque depois?

Por que me sinto tão ridícula às vezes?
Até por ter medo de espíritos?
De uma barata?
Nojo, na verdade

Por que procuro que os outros entendam o que faço
Entendam minhas dicas
Entendam os detalhes
As sutilezas
Que eu tenho a capacidade de perceber?

Por que não aprendo de uma vez que tenho que dizer?
Tenho que brigar?
Tenho que colocar para fora?

Por que dou tanto de mim
E uma hora
Parece que canso de ser perfeita
E começo a cometer erros
E acabo perdendo a razão?

Cansei de brigar
Cansei de berrar
Cansei de provocar
Cansei de decepcionar
Cansei de me decepcionar
Por favor, entenda meus direitos
Que eu já decorei minhas obrigações

Bixxcoito

sábado, novembro 18, 2006

Letra Que Eu Queria Ter Escrito

Socorro

Socorro, não estou sentindo nada
Nem medo, nem calor, nem fogo
Não vai dar mais pra chorar, nem pra rir
Socorro, alguma alma, mesmo que penada
Me entregue suas penas
Já não sinto amor, nem dor, já não sinto nada
Socorro, alguém me dê um coração
Que esse já não bate, nem apanha
Por favor, uma emoção pequena
Qualquer coisa
Qualquer coisa que se sinta
Em tantos sentimentos
Deve ter algum que sirva
Socorro, alguma rua que me dê sentido
Em qualquer cruzamento, acostamento, encruzilhada
Socorro, eu já não sinto nada, nada

Composição: Arnaldo Antunes/Alice Ruiz

Não Tenho Tempo
Zeca Baleiro

Eu não tenho tempo
Eu não sei voar
Dias passam como nuvens
Em rancas nuvens
Eu não vou passar

Eu não tenho medo
Eu não tenho tempo
Eu não sei voar

Eu tenho um sapato
Eu tenho um sapato branco
Eu tenho um cavalo
Eu tenho um cavalo branco
E um riso, um riso amarelo

Eu não tenho medo
Eu não tenho tempo
De me ouvir cantar
Eu não tenho medo
Eu não tenho tempo
De me ver chorar (2x)

Eu não tenho medo
Eu não tenho tempo
E eu não sei voar

quinta-feira, novembro 16, 2006

Mentiras que os pais diziam

Mentiras que os pais diziam

A gente cresce escutando da mãe e, principalmente do pai,
que devemos tomar cuidado e temer os "homens". Porque
meninas direitas não podem ser "avançadinhas". Elas podem
ficar mal faladas. Os homens não dão valor. Como sou
esquerdista, criei um novo conselho: meu filho, tome
cuidado com essas meninas independentes. Não tome drinks
e smirnof ice na frente delas. Elas podem não te levar
a sério.

Com uma certa freqüencia escuto dos caras com quem me
envolvo: você me assusta. Ou, você é fogo. Está difícil
encontrar homem mais macho do que eu. Não é no conceito
de vestir ou agir. É no emocional. Hoje os homens estão mais "sentimentais", "femininos".

Parece que nas histórias infantis os papéis se inverteram.
Os homens assumiram o papel da Chapeuzinho Vermelho e as
mulheres, o Lobo Mal. Costumo tornar minhas histórias
sentimentais em comédias pastelão. No máximo evoluir para
comédias românticas. Os homens sempre acabam transformando-as
em trillers, histórias de terror. No fim, vira mesmo um
drama. Detalhe, o final é sempre o mesmo: como no máximo
um saquinho de pipoca e volto pra casa sozinha.

O pior é que não sou a mulher fatal, que conquista e pisa
em cima dos homens por esporte. Apenas trato a todos que
se aproximam com carinho e atenção. Percebi que isso
assusta mais do que o Freddy Krueger (A Hora do Pesadelo).
O resultado é o mesmo: perturbo o sono dos outros.

Há pouco tempo, não pude nem chegar perto do pescoço de um
amigo colorido porque ele queria dormir depois. Ninguém merece!
Dispensaram-me não por outra mulher e sim, pelo anjinho da
guarda - uma doce companhia. Nessa, quem perdeu o sono fui eu.
Não. Ele está afim de mim. O pior é isso. No entanto, o jogo
duro, que era da responsabilidade da ala feminina, agora mudou
de time. Onde esse jogo vai parar?

O fato de não me comportar como todas as mulheres costumam
agir apavora. O certo é se apaixonar no primeiro cafuné e
atenção e, em seguida, pressionar para um relacionamento
sério. Porque não somos qualquer uma! Eu fujo do script.
Não quero namorar. Não quero nada sério. Quero curtir
a companhia e o carinho de quem eu escolho. Tento até me
fazer dócil, com um ar de apaixonada para não assustar tanto.
No entanto, quando a cerveja entra, a verdade sai.

Por exemplo, eu sou a rainha dos trocadilhos. Não consigo
escutar um elogio sem fazer uma gracinha depois. Após um
período parado, me olhando, um amigo colorido fala:

- Sabia que você é muito linda?

Após um curto período com um olhar misterioso, respondo:

- Ok. O que você quer? Pode pedir.

Risadas desfecham o episódio. Tenho uma grande capacidade
de abrir a boca na hora errada e falar o que não devo. Tenho
que explicar. Não é por mal. Eu sou sem noção mesmo. Quem me
conhece, sabe. Não é à toa que continuo sozinha. Não sou
romântica e sou piadista. Só louco para aguentar meu jeito.
O fato de eu não levar a sério algumas situações não quer
dizer ausência de sentimento. É falta de óleo de peroba na
minha cara de pau. Tchau.

Obs.: as histórias que escrevo são satirizadas. Senão não seriam
engraçadas.

Bixxcoito
16/11/06

terça-feira, novembro 07, 2006

Sobre estar sozinho

SAWABONA! "Sobre estar sozinho"

Não é apenas o avanço tecnológico que marcou o início deste milênio. As relações afetivas também estão passando por profundas transformações e revolucionando o conceito de amor.
O que se busca hoje é uma relação compatível com os tempos modernos, na qual exista individualidade, respeito, alegria e prazer de estar junto, e não mais uma relação de dependência, em que um responsabiliza o outro pelo seu bem-estar.
A idéia de uma pessoa ser o remédio para nossa felicidade, que nasceu com o romantismo está fadada a desaparecer neste início de século. O amor romântico parte da premissa de que somos uma fração e precisamos encontrar nossa outra metade para nos sentirmos completos.
Muitas vezes ocorre até um processo de despersonalização que, historicamente, tem atingido mais a mulher. Ela abandona suas características, para se amalgamar ao projeto masculino.
A teoria da ligação entre opostos também vem dessa raiz:
O outro tem de saber fazer o que eu não sei.
Se sou manso, ele deve ser agressivo, e assim por diante. Uma idéia prática de sobrevivência, e pouco romântica, por sinal. A palavra de ordem deste século é parceria. Estamos trocando o amor de necessidade, pelo amor de desejo. Eu gosto e desejo a companhia, mas não preciso, o que é muito diferente.
Com o avanço tecnológico, que exige mais tempo individual, as pessoas estão perdendo o pavor de ficar sozinhas, e aprendendo a conviver melhor consigo mesmas. Elas estão começando a perceber que se sentem fração, mas são inteiras.
O outro, com o qual se estabelece um elo, também se sente uma fração. Não é príncipe ou salvador de coisa nenhuma. É apenas um companheiro de viagem.
O homem é um animal que vai mudando o mundo, e depois tem de ir se reciclando, para se adaptar ao mundo que fabricou. Estamos entrando na era da individualidade, o que não tem nada a ver com egoísmo. O egoísta não tem energia própria; ele se alimenta da energia que vem do outro, seja ela financeira ou moral.
A nova forma de amor, ou mais amor, tem nova feição e significado. Visa à aproximação de dois inteiros, e não a união de duas metades. E ela só é possível para aqueles que conseguirem trabalhar sua individualidade. Quanto mais o indivíduo for competente para viver sozinho, mais preparado estará para uma boa relação afetiva.
A solidão é boa, ficar sozinho não é vergonhoso. Ao contrário, dá dignidade à pessoa. As boas relações afetivas são ótimas, são muito parecidas com o ficar sozinho, ninguém exige nada de ninguém e ambos crescem.
Relações de dominação e de concessões exageradas são coisas do século passado. Cada cérebro é único. Nosso modo de pensar e agir não serve de referência para avaliar ninguém. Muitas vezes, pensamos que o outro é nossa alma gêmea e, na verdade, o que fizemos foi inventá-lo ao nosso gosto.
Todas as pessoas deveriam ficar sozinhas de vez em quando, para estabelecer um diálogo interno e descobrir sua força pessoal. Na solidão, o indivíduo entende que a harmonia e a paz de espírito só podem ser encontradas dentro dele mesmo, e não a partir do outro.
Ao perceber isso, ele se torna menos crítico e mais compreensivo quanto às diferenças, respeitando a maneira de ser de cada um. O amor de duas pessoas inteiras é bem mais saudável. Nesse tipo de ligação, há o aconchego, o prazer da companhia e o respeito pelo ser amado.
Nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem de aprender a perdoar a si mesmo...


flávio gikovate
psicanalista
Fonte: Vana Gabriel!

domingo, novembro 05, 2006

Uma curta divagação sobre o amar

Uma curta divagação sobre o amar

Uma vez, disseram-me que amar era difícil. Sim, muito difícil. Não pelo sentir. Sim, pelo admitir. Amar é difícil. Receber é mais complicado ainda. Marcar a vida de alguém é fácil. Ser marcada a ferro, no meu caso, é quase impossível. Sou como o vento. Chega de mansinho, faz uma ventania, depois se vai. Você até sabe que pode voltar. No entanto, nenhuma certeza terás.

Ser amada é mais complicado ainda. Aprendi a amar porque em algum momento fui amada. E dá vontade de chorar. O amor calmo, tranqüilo, com uma certa certeza de que ele não vai acabar. No máximo transformar-se. Alguns estão viciados no sofrer. Amar tem que ter o medo de perder. O pânico da ausência, do morrer, do chorar. Para alguns até expliquei. Não posso fazer alguém feliz pois não conseguirei fazê-lo sofrer.

Amar é difícil. E deixar de amar, não se apegar, é mais ainda. Saber que o tempo pode apagar ou aumentar a proximidade, é uma sabedoria. Apostar nesta ficha é muito altruísmo. Manter o alto-astral e o carinho é uma virtude. Mostrar o sentimento é um ato de coragem. Guardar pra si, na minha opinião, pode ser suicídio.

Dar amor e ser correspondida é o paraíso. Entretanto dói sentir-se tão feliz. E perceber que és importante pra quem te importa, a principio é purgatório, depois um belo início duradouro. Sexo pelo desejo é uma faísca. Amor por inteiro é para um ateísta.

Vivo de minhas escolhas e suas conseqüências. Largue tudo o que lhe importa mas que precisas segurar firme. Prender não prende ninguém. Chame pelo silêncio. Assim saberás que é verdadeiro e que valerá a pena cativar. Peça o que podes receber. Dê o que alguém tenha capacidade de perceber e aceitar. Até quem não merece precisa muito de amor. Um dia também não merecerás.


Por Bixxcoito
05/11/2006

Aprendendo a Viver - Lispector

Não entender

Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma bênção estranha, como ter a loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.

##

O nascimento do prazer

O prazer nascendo dói tanto no peito que se prefere sentir a habituada dor do insólito prazer. A alegria verdadeira não tem explicação possível, não tem a possibilidade de ser compreendida – e se parece com o início de uma perdição irrecuperável. Esse fundir-se total e insuportável total é insuportavelmente bom – como se a morte fosse o nosso bem maior e final, só que não é a morte, é a vida incomensurável que chega a se parecer com a grandeza da morte. Deve-se deixar-se inundar pela alegria aos poucos – pois é a vida nascendo. E quem não tiver força, que antes cubra cada nervo com uma película protetora, com uma película de morte para poder tolerar a vida. Essa película pode consistir em qualquer ato formal protetor, em qualquer silêncio ou em várias palavras sem sentido. Pois o prazer não é de se brincar com ele. Ele é nós.

Livro: Aprendendo a Viver, de Clarice Lispector.

segunda-feira, outubro 30, 2006

Caos urbano

Caos urbano

Ai. Voltei. Esta é a sensação ao pisar novamente em São Paulo. As poucas semanas que passei fora da terrinha dão-me a impressão de que foram meses. Muita coisa aconteceu. No entanto, agora vem a parte burocrática. Já chego na 220.

Mal saí da rodoviária, fui para casa da primeira pessoa do casal. Lá, encontravam-se amigos para beber. E bebi. No dia seguinte, voltei pra casa. O caos estava instaurado. A obra do banheiro estava sendo finalizada. Poeira pra todo lado. Desesperar-me? Estressar-me? Que nada! Abri uma latinha com minha roommate às 10h30. Sim, da manhã. Afinal, estou de férias. Quem disse que tenho hora para fazer o que quero?

Após um leve descanso, comecei a providenciar coisas. Médico, exame médico, carteira de motorista, lavar roupa, planejar viagem, arrumar as coisas. Que desgrama é isso! Desfazer as malas e lavar roupas. Não sabia que tinha tantas! E a cada peça que tirava da mala era uma lembrança diferente.

Uma delas é do Rio. Meu pai, como já contei, me avacalhou dizendo que eu tinha me tornado um álbum de figurinhas com as novas tatuagens. Jogou no chão. Quem pisou em cima foi a minha sobrinha, Joanna, de três anos. Ela me questionou:

- Tia Ata (Beta), por que você fez tatuagem do símbolo do Unibanco no ombro? Eu quase morri nesta hora. Virei garota propaganda. E pior! Sem ganhar um centavo por isso. Até uma criança de poucos anos de idade estava “tirando com a minha cara”. Minha revanche só poderia ser em cosquinhas. Vale acrescentar que ela é louca pelo Unibanco, após a campanha feita com os desenhos animados.

Quando ela passou uma semana em sampa comigo, entrou em crise existencial.

- Tia Ata, por que o Unibanco aqui é azul e não preto? Eu tentei dar uma explicação plausível. Não deu. No fim da viagem, ela solucionou a questão quase à Sherlock Holmes.

- Tia Ata, já sei. Os dois Unibancos são meus. O azul e o preto. Prático, não? Adoro isso nas crianças. Já pensou se eu pudesse fazer isso também. Lavar roupa com o sabão Omo ou o Ariel? O Ricardinho ou o Cicraninho? Os dois são meus!rs

Ok. Não é possível. Então ainda tenho que escolher. Ficar ou partir. Viver ou morrer. Ser feliz ou ter razão.

Obs.: Ando escrevendo mais pq tenho tempo... viu como é melhor manter minha mente ocupada!rsss


Bixxcoito.
26/10/2006

sexta-feira, outubro 27, 2006

Cidade Maravilhosa

Cidade Maravilhosa

Minha alma canta. Vejo o Rio de Janeiro. Estou morrendo de saudades. Cidade Maravilhosa realmente essa. Com pessoas maravilhosas, energia maravilhosa. Minha casa. Recebo muito amor por aqui. Sinto-me como a super mulher. Quem todos admiram.

Ver os olhos do meu pai brilharem por me ter por perto. Dormi ao lado de pessoas que amo. Calma. Primeiro do lado da minha sobrinha. Depois do meu irmão. Ainda na casa de duas grandes amigas. Aqui me sinto natureza. Naturalmente feliz. Aqui não tenho uma casa, e sim, várias. É incrível conversar com pessoas que te conhecem há tanto tempo. Um olhar, um gesto, eles já de desvendam. Olha que não sou fácil. São pessoas que entendem minhas conquistas. Ficam felizes com minhas metas.

Nada como sentar à beira do mar. Tomar uma água de coco com o vento. Sentar na Pedra do Arpoador no fim do dia. O sol não se mostrou pra mim. Volto pra terra da garoa tão branca quanto vim. Por aqui, visitei uma danceteria que ia na época da faculdade. Bebi nos tradicionais bares da Zona Sul e Vila Isabel. Conversei com pessoas incríveis. Gastei meu tempo com amigos eternos. Bebemorei o reencontro com amiga em um barzinho.

Visitei exposições, sebos. Vi peça de teatro. Dancei funk, sim. Cuidei do estômago por ter comido comidas muito fortes na primeira semana de férias. A urucubaca tá passando. Tive uma fase em que não perguntavam se eu estava bem. E sim, se eu tinha piorado. Minha mãe fica preocupada. Meu pai fica impressionado com minhas novas tatuagens. Chamou-me de um álbum de figurinhas.

Conquistei companhia para dividir apartamento em minha nova empreitada, que realizarei no ano que vem. Levarei uma amiga que é família para me fazer companhia. Serão histórias incríveis. Recebi o carinho e as notificações de saudade da paulicéia desvairada. Já, já, volto pra casa. No entanto, mais uma vez terei que me despedir. Acho que essa é a pior fase das férias. Muito bom ver que você pertence a um lugar. Que suas manias e defeitos têm uma fonte. E rir por isso. Paro por aqui...

Bixxcoito.
22/10/2006

domingo, outubro 22, 2006

Primeiras férias

Primeiras férias

Sempre sonhei com minhas férias. Jogar bolinha no teto durante 30 dias e ainda ganhar por isso. Todos acham que férias é sinônimo de descanso. Entretanto passear dá trabalho. Muito trampo.

Viajei para Belém do Pará. Cidade das Mangueiras. Linda como o Brasil. Lá pude conhecer pessoas, me apaixonar por lugares, amar um cachorro, ou melhor, uma cachorra, andar em um barco precário no rio Amazonas.

Me perdi em dunas tentando encontrar um lago no meio da natureza. Recebi mensagem de texto ao som de canto dos pássaros no meio de uma ilha e ri por isso. Sentir o carinho ao sentar em uma mesa com familiares. Defender a legalização do aborto em meio a discussão política e me dar conta de que os presentes são tradicionalistas. Quase morri de vergonha por defender com tanto afinco, no entanto, sozinha.

Escondi minhas tatuagens. Dormi várias vezes após o almoço. Dividi o quarto com amigos, me tornei a terceira pessoa do casal e passei a noite num quarto pequeno, em cima de uma cama, entretanto, em uma rede.

Amei novamente. Quando já achava que tinha se perdido o sentimento. Vi que faço a diferença na vida de quem me importa. Muito. Cavei sorrisos que me encheram o coração de alegria e afeição. Zelei pelo sonho de alguém importante. Dei muito amor. Senti muito amor. Matei grande saudade que sentia por alguém que ainda é tão pequena. E recebi muito carinho por isso.

Fui feliz. Muito feliz. Chorei pelo fato de que tudo que é bom um dia ter que acabar. Hoje guardo em minhas lembranças o que não quero nunca esquecer. Entrei em um lindo santuário e rezei a Deus: “Pai, muito obrigada por tudo. Por me fazer determinada. Por me tornar amorosa. Ter uma grande percepção do sentimento das pessoas. Por me deixar viver com paz no coração. E chegar a um ponto de não querer desejar mais nada do que já tenho. Apenas planejo realizações de sonhos”.

Bixxcoito.
16/10/2006

quinta-feira, agosto 31, 2006

Conto - Balada no Centro

Balada no Centro

Por Bixxcoito

Em um sábado qualquer, acordei assustada, quase meia-noite. Tinha marcado de sair com um amigo e decidi dar uma "cochiladinha" para recuperar as forças. Samba-rock era o meu foco. Dançar a noite inteira para espantar os males. Acordar atrasada já era um mau presságio. No entanto, eu não quis perceber.

Arrumei-me depressa e caminhei até o Metrô. Cidade deserta. Mais uma vez pensei: "Eu não devia estar aqui". Meu espírito agitado continuou, meu sexto sentido ficou em último. Percebam no que deu.

Quando peguei o trem, escutei alguém me chamar.

- Amiga! Amiga! Você poderia me ajudar? - um homem (afinal para ser gay é preciso ser muito homem para agüentar preconceitos) veio me pedir informação.

- Preciso ir para Barra Funda. Não tenho a menor idéia de como faço - explicou o homem que distinguirei por faixa na cabeça.

- Vocês precisam descer na estação tal e pegar estação tal... - tentei explicar.

- Não, não. Eu me enrolo toda! Sempre me explicam e eu não consigo andar de jeito nenhum em tantas linhas do Metrô - relatou o homem de faixa.

Decidi, então, ajudar ativamente. Calma, sugeri que eles (as) me acompanhassem. Eu ia descer duas estações antes da deles. Durante o trajeto, o homem de faixa não conseguiu ficar quieto, muito menos calado.

- Amiga, eu tô o bagaço. Só consegui sair hoje porque dormi um pouco na parte da tarde. Trabalho como assistente de cabeleireiro. Isto quer dizer que trabalho aos sábados também! Estou acabando comigo. Vivo na esbórnia! - concluiu, ao mesmo tempo em que sentava no corrimão da escada rolante como se tivesse praticando algum esporte radical.

Por ter vários amigos homossexuais, previ que o homem de faixa e seu primo iriam para Blue Space, boate gay perto da Barra Funda. Quando conquistei mais intimidade, pude ver que minhas suspeitas estavam corretas.

- Amiga, fiquei numa indecisão! Tive que pedir ajuda à mamãe! Não sabia se deveria usar lente de contato verde ou a azul. Mamãe disse que a verde ficava mais natural. Você percebeu que estou de lente? – perguntou o homem de faixa. Eu, claro, disse que não tinha percebido.

Ao chegar na estação que pretendia descer, logo despedi dos amigos. O homem da faixa quis saber para onde eu ia. Disse que ia para o Copan* dançar samba-rock.

- Amiga, acho que vou liberar meu primo e ir para balada com você! Adoro samba-rock - respondeu o homem de faixa. Dei um sorriso misterioso. Ele ainda teve coragem de pedir meu telefone.

Começar uma balada com um gay eufórico pedindo o celular não é um bom presságio. Mas continuei ignorando. Cheguei afinal no Copan.

Em pouco tempo, constatei que eu estava no meio de uma roda, quase que de samba. Tinha direito a um “globeleza” (sim, "um" no masculino. Não quer dizer que seja gay), duas mulheres, uma feminina e outra nem tanto, e um homem bem normal. A feminina, digamos assim, ficou no meu pé a noite inteira. A princípio achei que era ciúme do homem. Depois percebi que não. A feminina não era tão feminina assim. Ela puxava assunto toda hora.

Um exemplo foi quando começou a música "Eu bebo sim" da Elizeth Cardoso que o refrão é mais ou menos assim: "Eu bebo sim. Estou vivendo. Tem gente que não bebe e está morrendo. Eu bebo, sim". Um coro no fundo completa: "Água faz mal a saúde. Bebida não faz mal a ninguém".

Sempre que toca essa música fico com ciúmes! Queria ter escrito. Mas criaram a letra antes de eu nascer, fazer o quê. Bom, a questão foi; começou e eu gritei:

– Adoro essa música! É a minha cara!

A feminina logo complementou berrando ao mesmo tempo:

– Eu também! Olha o meu cabelo sarará - comentou.

Na verdade, ela achou que era outra música, “Sarará Criolo” da Sandra de Sá. Coitada, ficou sem graça quando percebeu o equívoco. Ela tinha sido tão espontânea que não dava para passar desapercebido. Mulher tem mania de soltar seus pontos-fracos. Dei uma risada e continuei a dançar.

Logo após, três carinhas começaram a me paquerar. Ela enfiou-se no meio de forma que bloqueou a visão de todos. Neste momento, não tive dúvidas. Ela me queria.
Fiz uma cara de bicho, de quem não gostou nem um pouco, que a feminina, que já dava as costas para os outros amigos pra dançar comigo, saiu de perto. Entretanto, o amigo homem teve certeza de que eu era heterossexual. Achou instantaneamente uma brecha para iniciar papo. Sim, agora é assim. A mulherada está tomando a frente nas baladas. O homem senta e espera a sua vez.
O tema, como sempre, era "carioca'. Vale lembrar que sou uma carioca perdida em São Paulo há alguns anos. Quando abro a boca, não tem como passar despercebida a minha naturalidade.

Iniciou a conversa da seguinte forma: "Você é do Rio? Nossa! Que legal! Carioca de onde?". Jesus! Carioca só pode ser da cidade do Rio de Janeiro. Se for do Estado, é fluminense. Dei mais um sorriso misterioso e respondi que era da cidade do Rio de Janeiro, especificamente do bairro de Vila Isabel. A partir de então, um show à parte começou. Ele emendou com papo de Noel Rosa, cantou samba enredo da escola de samba Vila Isabel deste ano que nem mesmo eu sei a letra, entre outras gafes.

Só tive a capacidade de olhar para um amigo que me acompanhava na trajetória e implorar para que fossemos dar uma volta. Em pouco tempo, fomos embora. Não era dia de “pegar ninguém”.
No momento em que chegávamos novamente perto do Metrô, outra cena incrível. Um cara de terno e gravada deixou o carro largado, e aberto, no meio da rua para brigar com uma mulher. Pelo que percebi, ele lutava para reaver o celular. Foi um escândalo. Pouco tempo depois, percebi que a mulher na verdade não era ELA, era ELE, um travesti. Que baixaria!

As pessoas ficaram apreensivas, em primeira instância. Depois, todos estavam rindo. Com direito a ameaça de morte com pedra (travesti), gritaria durante a negociação da recompra do celular por R$ 500 (engravatado) e pedido de socorro a policiais que ignoraram a cena por um bom tempo.

Eu já estava com pena do travesti. Acreditei na inocência dele. Achava que era paranóia do engravatado, que bebeu todas em um inferninho do centro de São Paulo e perdeu o aparelho. É claro que a tendência é colocarmos a culpa no travesti. Mas quem procurou “sarna” pra se coçar foi ele. E o pior: ele lutava pelo celular enquanto o carro, muito mais caro, estava largado. Desconfiei que era o vibrador do telefone que ele realmente sentia falta. Ou da mulher dele ligar e o travesti atender. Vixe, bafão.

Como em um dos contos de Nelson Rodrigues, meia hora depois, quando a situação já estava normalizada com a ajuda de policiais, apareceu o travesti novamente. Para minha surpresa, ele voltou com uma amiga (o) . Parou próximo do local e começou a revirar um latão de lixo. Estava procurando por algo. Em pouco tempo, ele comemorava a vitória com o celular em mãos. Ele havia conseguido enrolar o engravatado.
Quando finalmente cheguei em casa, tive a sensação de que não saí para dançar. Que tinha visto um desenho animado. Terminei a noite concordando com o dito popular: "O mundo é gay e eu faço parte dele".

* prédio antigo no Centro de São Paulo onde é realizado o projeto Sambacana, onde DJs tocam samba-rock a noite inteira, de quinze em quinze dias.

5/07/2006.

Conto

Expertise Carioca

Por Bixxcoito

O trajeto diário que faço para ir trabalhar foi modificado hoje. Dormi na casa de amigos após uma balada em uma boate na Rua Augusta, em São Paulo, para ver o Marky Ramone, da tradicional banda The Ramones. Levantei como de costume e utilizei o transporte público para chegar ao meu destino (ficou filosófica esta frase, estou inspirada).

Perto da Funchal, avenida que passo diariamente, enquanto me distraía com o pouco de sol que estava fazendo, uma voz masculina me acordou.

- Lindona, isso aqui é um assalto. Não olhe para traz e não faça gracinha se não eu te mato.

Em meu lento despertar, achei que tinha sonhado com o Rio de Janeiro. De relance, tentei virar-me para ver se era um conhecido que estava brincando comigo. Não era. Pensei em seguida quão era a minha falta de sorte. Na verdade, falta de sorte do assaltante.

Como estive na balada, estava apenas com R$ 2 em nota e R$ 1,50 em moeda. Abri minha bolsa para ratificar a informação. Virei-me com muita calma e disse:

- Baby, eu não tenho dinheiro aqui. Escancarei a bolsa para que ele visse. Ele começou a berrar:

- Se eu for procurar e achar dinheiro, vou meter porrada em você, relinchou a voz.

- Baby, olha o tamanho da minha bolsa (quase uma carteira). Respondi, enquanto entregava os R$ 2 que tinha em mãos. Quando tentei passar por cima da minha cabeça, o assaltante ralhou comigo.

- Não passa por cima! Não passa por cima! Me entrega a grana pelo canto do banco com a janela. Eu ri olhando para frente. Ele estava falando alto, quase berrando, e queria que eu passasse a grana escondido? Vai entender. Fiz o que ele pediu.

Em seguida, foi a vez do celular. Fiz o mesmo movimento de entregar na vez do aparelho, isto é, por cima da cabeça. Ele fez o mesmo discurso acima. E o pior é que ele, ao olhar o interior da minha bolsa para ver se eu estava falando a verdade, pediu as moedas que estavam no fundo. Mais uma vez cometi o mesmo equívoco.

Já estava virando um assalto cômico. Todo mundo me olhando de ladinho como se não estivesse vendo nada, entretanto, com medo. E eu, a vítima, rindo da cara do assaltante.

A voz me avisou que iríamos passar por uma delegacia. Caso eu fizesse escândalo, iria me matar. “Eu posso voltar para a cadeia mas você não sairá viva”, ameaçava a voz.

- Você não lembra de mim. Já te segui até a porta da sua casa, comentou a voz. E eu só fazia o movimento de confirmação com a cabeça, com um ar de cansada. Afinal, nós, cariocas, sabemos de cor todo o processo. Não reagir, dar o que o assaltante pedir, não se desesperar e deixar o episódio passar.

Ele então, acredito, começou a relaxar. Viu que eu não ia fazer nada e que estava muito tranqüila com a situação. Então começou a desabafar:

- Eu fui preso duas vezes. Uma por seqüestro. Quase morri. Cadeia é um lugar horrível. Não dá pra viver assim. Ninguém consegue. 1500 pessoas no presídio tal (não lembro nome). Você viu a revolta no presídio tal? As pessoas não podem viver desse jeito, reclamava a voz.

- Se eu pudesse voltar atrás... teria entrado antes no PCC (uma organização criminosa em São Paulo). Você viu o que os caras fizeram? Eles querem uma revolução! É incrível o que eles estão conseguindo. Acho muito bom. Eu queria ter entrado para o PCC muito antes, afirmou em um tom nostálgico.

Vale lembrar que em maio de 2006, o PCC (Primeiro Comando da Capital) parou a terra da garoa por meio de uma sequencia de atentados que aterrorizaram a população.

Comecei a surtar. Não estava acreditando. Quase disse: “Meu filho. Se você quer assaltar, assalte. Agora me fazer de psicóloga já é sacanagem”. E ele continuou:

- Você mora onde? Perguntou.

Eu quase dei uma gargalhada. Ele não tinha dito que me seguiu na semana passada até em casa? Como me pergunta isso agora? Eu já tinha calculado que era para me assustar. Afinal, não faço aquele trajeto todo dia. Isso tudo acontecendo e eu só com a voz ao fundo. Não pude ainda verificar a fisionomia daquela voz. Respondi:

- Moro na Vila Mariana, menti. Ele disse em seguida que ia deixar o meu celular no dia seguinte no ponto final de Pinheiros. Sugeriu que eu fosse buscar. Minha reação foi:

- Filho, eu não tenho a mínima idéia de onde fica o ponto final de Pinheiros. Era mais fácil ele me devolver o aparelho logo! Agora mal me assaltou, já está pensando em me devolver o aparelho? Então ele explicou:

- É que preciso do telefone para realizar um atentado do PCC hoje. Te dou minha palavra que devolvo amanhã o celular. E você, lindona como é, pode continuar tirando suas fotos.

Eu já olhava para o trocador e para um cara que estava sentado ao meu lado com cara de deboche. Primeiro: meu celular é o mais barato do mercado, não tira fotos. Segundo, levar cantada do assaltante, eu não mereço! Lindona e uma risadinha, foi o que ele fez. Ninguém merece isso, muito menos eu.

Ele questionou se uma Vila dessas da vida de São Paulo ficava perto da minha casa. Estávamos ainda em negociação quanto ao local da devolução do aparelho telefônico. Eu disse que não tinha a mínima idéia.

- Vamos fazer o seguinte, falei. Eu te ligo amanhã e combinamos um local para a entrega do celular, combinado? Ele aceitou a proposta.

Puxou, em seguida, assunto sobre a região de Vila Mariana. Disse que tinha a impressão de me conhecer. Quis saber se eu conhecia os “irmãos” da região. Fiz com a cabeça que não.

- Tome cuidado com a Vila Mariana. É um bairro bom. Não parece mas está muito perigoso. Os irmão (no singular) que tão lá não são gente boa, me aconselhou. Veja bem, a voz já estava me dando conselho.

Logo após, fiz que ia descer do ônibus. Ele não deixou. Pediu que eu esperasse ele descer no ponto seguinte. Foi o que aconteceu. Antes, ele levantou, me olhou, apertou a minha mão como se estivesse fechando um contrato, afirmando a entrega do produto, e me devolveu os R$ 1,50 em moeda para que eu pudesse voltar ao trabalho. Levei um susto. Finalmente vi o rosto. Um cara esquisito, com uns 25 anos. O jeito dele dava medo mesmo.

Antes de chegar no trabalho, pensei: “Preciso escrever um conto. E, mais uma vez, ninguém vai acreditar”. No entanto, vi que ser carioca me traz várias vantagens. Entre elas, ter a experiência de lidar com assaltos. Hoje me senti em casa, entretanto, meu peito explode se saudades.

Gostaria de avisar que vocês podem continuar ligando no meu celular. Comprei outro aparelho. O número continua o mesmo, só não tenho mais o telefone de ninguém. O que foi? Vocês não esperavam que eu realmente fosse ligar para o assaltante. Era capaz dele me chamar para tomar uma cerveja e contar o resto da vida dele. Chega. Prefiro pagar a me aborrecer.

4/08/2006.

domingo, agosto 13, 2006

Como algumas pessoas podem passar por nossas vidas
E levarem tanta coisa
Quando se vão

Como pode você se trancar em seu mundo
E alguém, com uma simples chave, destrancar seus muros
Deixando-lhe com a sensação de solidão

Como pode você conviver com uma saudade monstruosa
Não saber o que fazer para aquietar o coração
Tem vontade de esperar uma eternidade para ser
O que você só consegue ser quando está do lado deste alguém

Como pode minha razão brigar tanto com meu coração
Sei que a vida gira em círculos
Um dia podes voltar
Hoje sei que amo alguém por amar
Sem ter algo em troca
Sem nada apostar

Hoje conjugo o verbo ser
Em sua essência
Sua existência
Sem pretensão

Como pode a vida girar tão rapidamente
Mudar todos os meus conceitos
Deixar-me deste jeito
Com gosto de quero mais

Como pode eu chorar agora
Sentindo uma saudade monstruosa
Por você não manter as demonstrações de carinho
Que sente por mim

Como pode você fugir tanto
Amor
Fugir tanto da minha proteção
Quando o que quero que é que me guarde em seu coração
E nunca mais conviva com a solidão
Ou na escuridão

Dou-lhe a luz de minha vida
Do meu olhar
Do meu sorriso
Da minha ilusão.


##


Procuro em outras bocas
Aquietar-me

Procuro em alguns copos
A diversão

Procuro em alguns carinhos
Estimular o meu

Procuro em alguns toques
Despertar meu desejo

Procuro aprender com o tempo
Que nada acaba
Se não tiver que acabar

Procuro compreender por que tudo que um dia começa
Tem que terminar

Procuro compreender o porquê de me apaixonar novamente
E perder no fim

Ou eu tenho que aprender
Que nada acaba
E que eu tenho que lutar para ter
O que eu realmente amar

Ao invés de sempre deixar passar
Para não mais me magoar

No entanto, sozinha
Eu nunca soube

Então ame comigo
Para não deixar morrer.

##

Amor materno
Amor de mãe
Amor por um filho

Mulher amiga
Mulher menina
Mulher da vida

Compreensão do limite
Compreensão que admites
Por alguém que mereça

Gratidão pela clareza
Gratidão pela beleza
Que abriste para mim

Desejo pela carne
Desejo pelo detalhe
Desejo pelo corpo colado ao meu

Carinho pelo apreço
Carinho que mereço
Carinho pela família
Que um dia quero ter

Brutalidade de suas mão
Brutalidade de suas palavras
Brutalidade que agradeço
Brutalidade que me viciei

Saudade que conheço
Saudade que mereço
Saudade que não será em vão

Beleza em teus olhos
Beleza em quanto dormes
Beleza por me dares tanto amor
Mesmo que não percebas

Mulher que te admira
Mulher que acredita
Mulher que precisa de um homem como você.

domingo, março 26, 2006

Apresentação - Lua

Razão

Pessoas dizem que poemas são tristes
Isto porque são reflexos d’alma
O raciocínio lógico e filosofia
Podem explicar esta fórmula

Felicidade é a memória
Que pretendo guardar em minha história
Já a tristeza, desafio
Coloco-a pra fora
Da forma mais feia
Que alivia minh’alma

O transplante se faz
Com papel e caneta
Com pensamentos tenebrosos
E brancura de sentimentos
Que ficam eternizados
Em poucas linhas tortas.


Coração

Sou a contradição
Que busca perfeição
Sou a felicidade
Que foge da saudade
Sou o bem-estar
Que odeia a dor

Sou a fantasia
E vivo com a nostalgia
Sou a vaidade
Que vive com a simplicidade
Sou o amor
Que irradia para os que se aproximam
Mas que se faz manhoso para os que não ficam.

Sou a águia
Que procura voar bem alto
Sou o oceano
Que tem a imensidão e profundidade
Sou tartaruga
Que se refugia em sua casca

Quero ser leão
E arrastar toda a solidão
Quero ser feiticeira
Para encantar os que quero
E a bruxa
Para afastar os que não quero
E quero ser eu
E encontrar os que me encontrem.


Letra Que Eu Queria Ter Escrito...

Bitch

I hate the world today
You're so good to me
I know but I can't change
Tried to tell you
But you look at me like maybe
I'm an angel underneath
Innocent and sweet

Yesterday I cried
Must have been relieved to see
The softer side
I can understand how you'd be so confused
I don't envy you
I'm a little bit of everything
All rolled into one

Chorus:

I'm a bitch, I'm a lover
I'm a child, I'm a mother
I'm a sinner, I'm a saint
I do not feel ashamed
I'm your hell, I'm your dream
I'm nothing in between
You know you wouldn't want it any other way

So take me as I am
This may mean
You'll have to be a stronger man
Rest assured that
When I start to make you nervous
And I'm going to extremes
Tomorrow I will change
And today won't mean a thing

Chorus

Just when you think, you got me figured out
The season's already changing
I think it's cool, you do what you do
And don't try to save me

Chorus

I'm a bitch, I'm a tease
I'm a goddess on my knees
When you hurt, when you suffer
I'm your angel undercover
I've been numb, I'm revived
Can't say I'm not alive
You know I wouldn't want it any other way

M. Brooks, S. Peiken
Você sempre me pede obrigado
Obrigada preciso também dizer
Com seu jeito bruto invadiste minha intimidade
Com seu jeito doce suavizou minha individualidade

Seu olhar parecia chama
Que queimava ao me ver passar
Meu corpo parecia fogo
Quando te sentiu tocar

Vejo que com o tempo
Meu desejo já pede pelo seu
Ontem, quando menos esperei,
Tive mais uma prova do seu bem-querer


Não sei até aonde conseguiremos ir
Você teme algo que ainda não senti
Pois quando sinto alguma dor
Causada por ti
É com prazer que sinto em mim


##

Eu amo
Não do jeito que você espera
Não da forma como você gostaria

Tudo começou tão errado
Que me parece tão óbvio que não dê certo

Não consegui perceber o que acontecia na minha vida
Só ontem percebi que estou realmente apaixonada
Pois tento tirar pensamentos de minha mente
E ela insite em não deixar você partir

Quando acontece o primeiro beijo
Só tento fugir do segundo, quando ainda tenho vontade de dar o milésimo
Mas agora, percebo que não tenho capacidade de esquecer
Até mesmo o que não aconteceu

Esquecer como você me abraça enquanto durmo
Como me prende entre seus braços
Para que eu não me afaste do seu corpo

Não consigo esquecer a sua alegria
Ao acordar e ter meu corpo todo colado ao seu
Não consigo esquecer
Como meu corpo me surpreende ao estar colado ao seu
Como consigo sonhar entre seus abraços
Como parece tão comum ter você em minha cama
Mesmo que tenha sido poucas vezes

Meus fins de semana parecem sem graça
Dói ter que costatar que você não sente minha falta
Que tenho que tentar te esquecer
Ou sonhar que um dia você dará valor ao fato de ter me conhecido

Ás vezes acho que, por acordar com uma dor de saudade,
É por você estar me chamando em seu sonho
Dói ter que perceber que fui eu quem te empurrei para longe
É que estava doendo não ter você pra mim
Dói ter que perceber que não sou especial pra você

Dói ter que me conformar que tudo começou errado
E que a culpa foi minha
Tenho pânico de costatar que você se apaixonou por outra
Que vive bem sem mim

Pena que mais uma vez
Eu não tenha identificado que o amor batia à minha porta.

terça-feira, março 21, 2006

Só Drummond...

A Verdade

A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.

Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com o mesmo perfil.
E os meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.

##

Os Ombros Suportam o Mundo

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração,
Tempo em que não se diz mais: meu Amor.
Porque o amor resultou inutíl.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à sua porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
Mas na sombra teus olhos resplandescem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer,
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.


##

A cada dia que vivo, mais me convenço de que
o desperdício da vida está no amor que não damos,
nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca
e que, esquivando-nos do sofrimento,
perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional.

##


As sem-razões do amor

Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.


Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.


Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.


Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor

sexta-feira, janeiro 06, 2006

Meus poemas prediletos

O Meu Amor

O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
E que me deixa louca
Quando me beija a boca
A minha pele fica toda arrepiada
E me beija com calma e fundo
Até minh'alma se sentir beijada

O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
Que rouba os meus sentidos
Viola os meus ouvidos
Com tantos segredos
Lindos e indecentes
Depois brinca comigo
Ri do meu umbigo
E me crava os dentes

Eu sou sua menina, viu?
E ele é meu rapaz
Meu corpo é testemunha
Do bem que ele me faz

O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
De me deixar maluca
Quando me roça a nuca
E quase me machuca
Com a barba mal feita
E de posar as coxas
Entre as minhas coxas
Quando ele se deita

O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
De me fazer rodeios
De me beijar os seios
Me beijar o ventre e
Me deixar em brasa
Desfruta do meu corpo
Como se meu corpo
Fosse a sua casa
Eu sou sua menina, viu?
E ele é meu rapaz
Meu corpo é testemunha
Do bem que ele me faz...

Ópera do Malandro – Chico Buarque


Samba e amor

Eu faço samba e amor até mais tarde
E tenho muito sono de manhã
Escuto a correria da cidade, que arde
E apressa o dia de amanhã

De madrugada a gente ainda se ama
E a fábrica começa a buzinar
O trânsito contorna a nossa cama, reclama
Do nosso eterno espreguiçar

No colo da bem-vinda companheira
No corpo do bendito violão
Eu faço samba e amor a noite inteira
Não tenho a quem prestar satisfação

Eu faço samba e amor até mais tarde
E tenho muito mais o que fazer
Escuto a correria da cidade, que alarde
Será que é tão difícil amanhecer?

Não sei se preguiçoso ou se covarde
Debaixo do meu cobertor de lã
Eu faço samba e amor até mais tarde
E tenho muito sono de manhã

Chico Buarque


LUA ADVERSA

Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.

Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.
E roda a melancolia
seu interminável fuso!

Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...

Cecília Meireles

Amar..

Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!
E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder ... pra me encontrar...

Florbela Spanca

OS VERSOS QUE TE FIZ

Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que a minha boca tem pra te dizer!
São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim pra te oferecer.
Têm dolências de veludos caros,
São como sedas brancas a arder...

Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que foram feitos pra te endoidecer!
Mas, meu Amor, eu não tos digo ainda...
Que a boca da mulher é sempre linda
Se dentro guarda um verso que não diz!

Amo-te tanto! E nunca te beijei...
E, nesse beijo, Amor, que eu te não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz!

Florbela Spanca

##

Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, começa novamente.
Se estiver tudo certo, continue...
Se sentir saudades, mate-a!
Se perder um amor, não se perca!
Se achá-lo, segure-o.
Circunda-te de rosas, ama, beba e cala.
O mais, é nada!

Fernando Pessoa

##


Há momentos na vida em que sentimos tanto a falta do passado,
que o que mais queremos é sair do sonho e voltar no tempo
Sonho com aquilo que quero
Sou o que quero ser, porque possuo apenas uma vida
E nela só tenho uma chance de fazer aquilo que quero
Tenho felicidade bastante para fazê-la doce
Dificuldades para fazê-la forte
Tristeza para fazê-la humana
E esperança suficiente para fazê-la feliz
As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas
Elas sabem fazer o melhor das oportunidades
que aparecem em seus caminhos.
A felicidade aparece para aqueles que choram
Para aqueles que se machucam
Para aqueles que buscam e tentam sempre
E para aqueles que reconhecem a importância
das pessoas que passam por suas vidas
O futuro mais brilhante é baseado num passado
intensamente vivido
Você só terá sucesso na vida quando perdoar
os erros e as decepções do passado
A vida é curta, mas as emoções que podemos
deixar duram uma eternidade
A vida não é de se brincar porque em um belo
dia "se morre".

Clarice Lispector

A pedidos: mais poemas meus

Ontem pessoas estranhas entraram em minha casa
Ontem pessoas conhecidas conversaram comigo
Ontem conheci pessoas incríveis
Ontem percebi que estou sozinha
Mesmo quando estou acompanhada.

Ontem percebi que encanto as pessoas
Ontem percebi que me faço inesquecível para outras
Ontem percebi que dormi com a sensação de vazio a me atormentar
Ontem percebi que não quero o príncipe encantado
Mas amanhã queria acordar com um amor ao meu lado.

II

O único sentimento que conheço é a perda
Não dou valor ao ganhar
Só sinto quando alguém está partindo
Quando decido desistir

Não consigo demonstrar interesse
Tentar novamente
Porque odeio ter que perder no fim

Não sei se o erro é meu
Ou se a vida que me fez assim

III

Sei que você gosta de mim
Como vários já gostaram

Sei que você espera uma dica minha
Como vários esperaram

Sei que você está se esquecendo de mim
Como vários esqueceram

Sei eu não vou esquecer o teu beijo
Como vários esqueci

IV

Tenho ânsia pela liberdade
Não sei como usufruí-la
Tento manter a paz de espírito
Só consigo sendo sozinha

Em um momento
Sozinha
Me lembrei de você
Você não está mais sozinho
Outra se prendeu a você.

V

Faço graça da vida
Passo alegria aos que me rodeiam

Quando algo me incomoda
Levo-o ao esquecimento

Percebo hoje
Que o esquecimento é o melhor que tenho em mim
E o pior

Não deixo que a saudade bata à porta
Não deixo que o sentimento alcance minh'alma

Sou superficial em brincadeiras
Não permito que o circo de ilusões que construí
Desmorone nem por um momento

Só tendo preservar as minhas leis.

VII

Dizem que o defeito
É que trato todos iguais
As pessoas que têm distinção em meu coração
Se perdem na multidão
Só conquisto a solidão

VIII

Há anos estou sozinha
Vários momentos
Quis e precisei do isolamento para sobreviver
Hoje preciso me abrir para a vida
Para sobreviver à solidão