terça-feira, novembro 28, 2006

Almost - Tracy Chapman

Almost got what I want
Almost found what I lost
Almost saved you and myself
Almost won but it doesn't count
And never does
Never does

One green light
One more ring of the telephone
One more step
One more second
And I almost
Almost

Almost got what I want
Almost found what I lost
Almost saved you and myself
Almost won but it doesn't count
And never does
Never does

One hello
Just one kiss before the tears come
One yes
One chance
And I almost
Almost almost almost

Almost got what I want
Almost found what I lost
Almost saved you and myself
Almost won but it doesn't count
And never does
Never does

One day one year
5,000 weeks
A life of good works and good deeds
Let me be let me be closer
Or let me be
Let me be
Let me be

When I've almost got what I want
Almost found what I lost
Almost saved you and myself
Almost won but it doesn't count
And never does
Never does

One good guess
A question with an answer that I know
One idea
One grand notion
And I almost
Almost almost almost

Almost got what I want
Almost found what I lost
Almost saved you and myself
Almost won but it doesn't count
And never does
Never does
Never does
Never does

Tracy Chapman

Protesto

Por que a vida me testa tanto?
Testa tanto os meus limites?
Por que eu sempre acho uma palhaçada o que sinto?
E deixo que o sentimento fique retraído até explodir

Por que é tão complicado conviver comigo?
Ou eu facilito a convivência até eu não agüentar mais?
Acabo sendo perfeita
E a imperfeição acaba sendo um ataque depois?

Por que me sinto tão ridícula às vezes?
Até por ter medo de espíritos?
De uma barata?
Nojo, na verdade

Por que procuro que os outros entendam o que faço
Entendam minhas dicas
Entendam os detalhes
As sutilezas
Que eu tenho a capacidade de perceber?

Por que não aprendo de uma vez que tenho que dizer?
Tenho que brigar?
Tenho que colocar para fora?

Por que dou tanto de mim
E uma hora
Parece que canso de ser perfeita
E começo a cometer erros
E acabo perdendo a razão?

Cansei de brigar
Cansei de berrar
Cansei de provocar
Cansei de decepcionar
Cansei de me decepcionar
Por favor, entenda meus direitos
Que eu já decorei minhas obrigações

Bixxcoito

sábado, novembro 18, 2006

Letra Que Eu Queria Ter Escrito

Socorro

Socorro, não estou sentindo nada
Nem medo, nem calor, nem fogo
Não vai dar mais pra chorar, nem pra rir
Socorro, alguma alma, mesmo que penada
Me entregue suas penas
Já não sinto amor, nem dor, já não sinto nada
Socorro, alguém me dê um coração
Que esse já não bate, nem apanha
Por favor, uma emoção pequena
Qualquer coisa
Qualquer coisa que se sinta
Em tantos sentimentos
Deve ter algum que sirva
Socorro, alguma rua que me dê sentido
Em qualquer cruzamento, acostamento, encruzilhada
Socorro, eu já não sinto nada, nada

Composição: Arnaldo Antunes/Alice Ruiz

Não Tenho Tempo
Zeca Baleiro

Eu não tenho tempo
Eu não sei voar
Dias passam como nuvens
Em rancas nuvens
Eu não vou passar

Eu não tenho medo
Eu não tenho tempo
Eu não sei voar

Eu tenho um sapato
Eu tenho um sapato branco
Eu tenho um cavalo
Eu tenho um cavalo branco
E um riso, um riso amarelo

Eu não tenho medo
Eu não tenho tempo
De me ouvir cantar
Eu não tenho medo
Eu não tenho tempo
De me ver chorar (2x)

Eu não tenho medo
Eu não tenho tempo
E eu não sei voar

quinta-feira, novembro 16, 2006

Mentiras que os pais diziam

Mentiras que os pais diziam

A gente cresce escutando da mãe e, principalmente do pai,
que devemos tomar cuidado e temer os "homens". Porque
meninas direitas não podem ser "avançadinhas". Elas podem
ficar mal faladas. Os homens não dão valor. Como sou
esquerdista, criei um novo conselho: meu filho, tome
cuidado com essas meninas independentes. Não tome drinks
e smirnof ice na frente delas. Elas podem não te levar
a sério.

Com uma certa freqüencia escuto dos caras com quem me
envolvo: você me assusta. Ou, você é fogo. Está difícil
encontrar homem mais macho do que eu. Não é no conceito
de vestir ou agir. É no emocional. Hoje os homens estão mais "sentimentais", "femininos".

Parece que nas histórias infantis os papéis se inverteram.
Os homens assumiram o papel da Chapeuzinho Vermelho e as
mulheres, o Lobo Mal. Costumo tornar minhas histórias
sentimentais em comédias pastelão. No máximo evoluir para
comédias românticas. Os homens sempre acabam transformando-as
em trillers, histórias de terror. No fim, vira mesmo um
drama. Detalhe, o final é sempre o mesmo: como no máximo
um saquinho de pipoca e volto pra casa sozinha.

O pior é que não sou a mulher fatal, que conquista e pisa
em cima dos homens por esporte. Apenas trato a todos que
se aproximam com carinho e atenção. Percebi que isso
assusta mais do que o Freddy Krueger (A Hora do Pesadelo).
O resultado é o mesmo: perturbo o sono dos outros.

Há pouco tempo, não pude nem chegar perto do pescoço de um
amigo colorido porque ele queria dormir depois. Ninguém merece!
Dispensaram-me não por outra mulher e sim, pelo anjinho da
guarda - uma doce companhia. Nessa, quem perdeu o sono fui eu.
Não. Ele está afim de mim. O pior é isso. No entanto, o jogo
duro, que era da responsabilidade da ala feminina, agora mudou
de time. Onde esse jogo vai parar?

O fato de não me comportar como todas as mulheres costumam
agir apavora. O certo é se apaixonar no primeiro cafuné e
atenção e, em seguida, pressionar para um relacionamento
sério. Porque não somos qualquer uma! Eu fujo do script.
Não quero namorar. Não quero nada sério. Quero curtir
a companhia e o carinho de quem eu escolho. Tento até me
fazer dócil, com um ar de apaixonada para não assustar tanto.
No entanto, quando a cerveja entra, a verdade sai.

Por exemplo, eu sou a rainha dos trocadilhos. Não consigo
escutar um elogio sem fazer uma gracinha depois. Após um
período parado, me olhando, um amigo colorido fala:

- Sabia que você é muito linda?

Após um curto período com um olhar misterioso, respondo:

- Ok. O que você quer? Pode pedir.

Risadas desfecham o episódio. Tenho uma grande capacidade
de abrir a boca na hora errada e falar o que não devo. Tenho
que explicar. Não é por mal. Eu sou sem noção mesmo. Quem me
conhece, sabe. Não é à toa que continuo sozinha. Não sou
romântica e sou piadista. Só louco para aguentar meu jeito.
O fato de eu não levar a sério algumas situações não quer
dizer ausência de sentimento. É falta de óleo de peroba na
minha cara de pau. Tchau.

Obs.: as histórias que escrevo são satirizadas. Senão não seriam
engraçadas.

Bixxcoito
16/11/06

terça-feira, novembro 07, 2006

Sobre estar sozinho

SAWABONA! "Sobre estar sozinho"

Não é apenas o avanço tecnológico que marcou o início deste milênio. As relações afetivas também estão passando por profundas transformações e revolucionando o conceito de amor.
O que se busca hoje é uma relação compatível com os tempos modernos, na qual exista individualidade, respeito, alegria e prazer de estar junto, e não mais uma relação de dependência, em que um responsabiliza o outro pelo seu bem-estar.
A idéia de uma pessoa ser o remédio para nossa felicidade, que nasceu com o romantismo está fadada a desaparecer neste início de século. O amor romântico parte da premissa de que somos uma fração e precisamos encontrar nossa outra metade para nos sentirmos completos.
Muitas vezes ocorre até um processo de despersonalização que, historicamente, tem atingido mais a mulher. Ela abandona suas características, para se amalgamar ao projeto masculino.
A teoria da ligação entre opostos também vem dessa raiz:
O outro tem de saber fazer o que eu não sei.
Se sou manso, ele deve ser agressivo, e assim por diante. Uma idéia prática de sobrevivência, e pouco romântica, por sinal. A palavra de ordem deste século é parceria. Estamos trocando o amor de necessidade, pelo amor de desejo. Eu gosto e desejo a companhia, mas não preciso, o que é muito diferente.
Com o avanço tecnológico, que exige mais tempo individual, as pessoas estão perdendo o pavor de ficar sozinhas, e aprendendo a conviver melhor consigo mesmas. Elas estão começando a perceber que se sentem fração, mas são inteiras.
O outro, com o qual se estabelece um elo, também se sente uma fração. Não é príncipe ou salvador de coisa nenhuma. É apenas um companheiro de viagem.
O homem é um animal que vai mudando o mundo, e depois tem de ir se reciclando, para se adaptar ao mundo que fabricou. Estamos entrando na era da individualidade, o que não tem nada a ver com egoísmo. O egoísta não tem energia própria; ele se alimenta da energia que vem do outro, seja ela financeira ou moral.
A nova forma de amor, ou mais amor, tem nova feição e significado. Visa à aproximação de dois inteiros, e não a união de duas metades. E ela só é possível para aqueles que conseguirem trabalhar sua individualidade. Quanto mais o indivíduo for competente para viver sozinho, mais preparado estará para uma boa relação afetiva.
A solidão é boa, ficar sozinho não é vergonhoso. Ao contrário, dá dignidade à pessoa. As boas relações afetivas são ótimas, são muito parecidas com o ficar sozinho, ninguém exige nada de ninguém e ambos crescem.
Relações de dominação e de concessões exageradas são coisas do século passado. Cada cérebro é único. Nosso modo de pensar e agir não serve de referência para avaliar ninguém. Muitas vezes, pensamos que o outro é nossa alma gêmea e, na verdade, o que fizemos foi inventá-lo ao nosso gosto.
Todas as pessoas deveriam ficar sozinhas de vez em quando, para estabelecer um diálogo interno e descobrir sua força pessoal. Na solidão, o indivíduo entende que a harmonia e a paz de espírito só podem ser encontradas dentro dele mesmo, e não a partir do outro.
Ao perceber isso, ele se torna menos crítico e mais compreensivo quanto às diferenças, respeitando a maneira de ser de cada um. O amor de duas pessoas inteiras é bem mais saudável. Nesse tipo de ligação, há o aconchego, o prazer da companhia e o respeito pelo ser amado.
Nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem de aprender a perdoar a si mesmo...


flávio gikovate
psicanalista
Fonte: Vana Gabriel!

domingo, novembro 05, 2006

Uma curta divagação sobre o amar

Uma curta divagação sobre o amar

Uma vez, disseram-me que amar era difícil. Sim, muito difícil. Não pelo sentir. Sim, pelo admitir. Amar é difícil. Receber é mais complicado ainda. Marcar a vida de alguém é fácil. Ser marcada a ferro, no meu caso, é quase impossível. Sou como o vento. Chega de mansinho, faz uma ventania, depois se vai. Você até sabe que pode voltar. No entanto, nenhuma certeza terás.

Ser amada é mais complicado ainda. Aprendi a amar porque em algum momento fui amada. E dá vontade de chorar. O amor calmo, tranqüilo, com uma certa certeza de que ele não vai acabar. No máximo transformar-se. Alguns estão viciados no sofrer. Amar tem que ter o medo de perder. O pânico da ausência, do morrer, do chorar. Para alguns até expliquei. Não posso fazer alguém feliz pois não conseguirei fazê-lo sofrer.

Amar é difícil. E deixar de amar, não se apegar, é mais ainda. Saber que o tempo pode apagar ou aumentar a proximidade, é uma sabedoria. Apostar nesta ficha é muito altruísmo. Manter o alto-astral e o carinho é uma virtude. Mostrar o sentimento é um ato de coragem. Guardar pra si, na minha opinião, pode ser suicídio.

Dar amor e ser correspondida é o paraíso. Entretanto dói sentir-se tão feliz. E perceber que és importante pra quem te importa, a principio é purgatório, depois um belo início duradouro. Sexo pelo desejo é uma faísca. Amor por inteiro é para um ateísta.

Vivo de minhas escolhas e suas conseqüências. Largue tudo o que lhe importa mas que precisas segurar firme. Prender não prende ninguém. Chame pelo silêncio. Assim saberás que é verdadeiro e que valerá a pena cativar. Peça o que podes receber. Dê o que alguém tenha capacidade de perceber e aceitar. Até quem não merece precisa muito de amor. Um dia também não merecerás.


Por Bixxcoito
05/11/2006

Aprendendo a Viver - Lispector

Não entender

Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma bênção estranha, como ter a loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.

##

O nascimento do prazer

O prazer nascendo dói tanto no peito que se prefere sentir a habituada dor do insólito prazer. A alegria verdadeira não tem explicação possível, não tem a possibilidade de ser compreendida – e se parece com o início de uma perdição irrecuperável. Esse fundir-se total e insuportável total é insuportavelmente bom – como se a morte fosse o nosso bem maior e final, só que não é a morte, é a vida incomensurável que chega a se parecer com a grandeza da morte. Deve-se deixar-se inundar pela alegria aos poucos – pois é a vida nascendo. E quem não tiver força, que antes cubra cada nervo com uma película protetora, com uma película de morte para poder tolerar a vida. Essa película pode consistir em qualquer ato formal protetor, em qualquer silêncio ou em várias palavras sem sentido. Pois o prazer não é de se brincar com ele. Ele é nós.

Livro: Aprendendo a Viver, de Clarice Lispector.