quarta-feira, novembro 21, 2007

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Completo seis meses de Europa este mês. Agora me sinto um pouco mais confortável para escrever sobre as minhas experiências. Não só aqui na terra antiga. Vou falar também sobre meus sonhos. Fiz minha vida um alcançar, realizar e me perder em desejos. Aprendi que qualquer que seja o seu sonho, realizá-lo sozinho não satisfaz. Tive que realizar este sonho, o de viajar para a Europa, para compreender isso. Confessei para amigos que o fato de amadurecer, fiz isso ao morar em São Paulo com 20 anos. Passar perrengue, conhecer as mulheres que posso e quero ser. Tornei-me extremamente fria, muito sentimental. Sofri, chorei por desespero. Todas as vezes que chorei, na verdade, foram por medo da morte. Seja de uma amizade, de um amor, de decepcionar quem amo, de uma “fase da vida” que acabou. Tudo passa.

Quando vim para Dublin, chorei até sentir minhas pernas fracas por medo. Não do que poderia enfrentar, das coisas ruins. Senti medo das coisas boas. De não conseguir enxergar mas a São Paulo que conheço com os olhos apaixonados que sempre tive. Tive medo de mudar e não me reconhecer mais em minhas rotinas. Não me satisfazer mais com o Brasil. Isso não aconteceu. Tudo mudou, no entanto, da melhor forma possível.

Na Irlanda, vi-me derramando lágrimas por ter que me despedir de uma amiga tão querida, tão próxima – apesar do pouco tempo que nos conhecemos. Dei-me conta de que mais uma fase estava se acabando. Fiz novamente uma coisa que odeio. Nada será como foi. Não quis aceitar, por algumas horas, que tivesse finalizado.

O mesmo acontecerá quando voltar. Sampa não será mais a mesma. Não quer dizer que a graça tenha acabado. Só ira mudar. Vou continuar a “chorar” por sentir saudade de algo que passou, mesmo sendo feliz no presente.

Agora sinto um vaco. Fiz a viagem dos meus sonhos, por cinco países, e já necessito de outras metas pelas quais lutar. Esta “trip” me ensinou que, se foi perfeita, foi porque pude dividir com pessoas queridas. Seja em um texto enviado por e-mail, seja vivendo com amigos ao lado, seja por ter encontrado pessoas fantásticas durante o trajeto.

No último fim de semana trabalhei como garçonete com pessoas interessantes em um evento. Vi uma cena que me chamou a atenção. Como a idade cronológica não significa necessariamente maturidade. Um “homem” de 22 anos ser gentil com uma “menina” de 50 anos. Ele simplesmente se ofereceu para limpar uma mesa, suja pelos pratos de janta que quatro pessoas. A mulher brigou, ralhou, dizendo que ele não tinha obrigação, que o serviço era dela, que ele não devia fazer, que ela iria levar os pratos dela. Ele respondeu que não se importava. Virou e simplesmente saiu com os pratos na mão. Hoje admiro ainda mais pessoas assim. Os jovens conservam algo que o tempo apaga.

Em todos os países pelos quais passei, escutei uma musica chamada “One”, do U2. Acredito que os duendes irlandeses me ensinaram que devemos dividir, respeitar e cuidar uns dos outros – como se fossemos “um”. Isto porque, qualquer lugar do mundo pode ser especial se temos quem amamos e gostamos por perto.

quarta-feira, novembro 14, 2007

Acordei e tudo estava diferente
As estradas
As calcadas
As entradas

Acordei e o som era novo
Tinham ingleses
Tinham franceses
Tinham irlandeses

Acordei e o gosto, cheiro era outro
De batata
Sem feijoada
Com ovo no cafe da manha

Acordei e me senti renovada
Sem expectativas
Sem agonias
Apenas contente

Sonhei que realizaria
Que o meu sonho logo estaria em minhas maos

Agora esta em meus pes
em meus olhos
em meus sentidos

Estou diferente
Me sinto reluzente
Me sinto forte por estar aqui
Nao tenho tempo
Pra saudade
Nao tenho tempo
Pra tristeza
So tenho tempo
Pra absorver
Tudo o que puder

Cansa falar em outra lingua
Cansa aprender todo dia
informacoes diferentes
Me cansa a burocracia

Muito obrigada
Se voceesta torcendo por mim

quinta-feira, junho 07, 2007

No aeroporto de Paris, a imigração me fez tirar até o sapato para eu conseguir embarcar. O mais engraçado é que lembrei da Clarissa me sacaneando na minha despedida:

- Você não vai para a Europa com essas meias velhas horríveis! Eu fui. E andei por Paris com elas, somente elas...rs Já que Andy Warhol disse que foto de latinhas de Coca-Cola são arte, eu digo que andar de meias velhas na Fraça na frente de pessoas do mundo inteiro é fashion!

Sentou ao meu lado um médico indiano que mora em Dublin há seis anos. A partir de então começou a minha saga para tentar entender o que os irlandeses e estrangeiros que moram no Tigre Celta falam. Parece que eles tëm um ovo na boca. Toda a desenvoltura que achei que havia conquistado em Paris foi por água baixo. Aqui sim eu aprendi a fazer mímica! Ah! Sim, com certeza.

Cheguei e foi uma peregrinação para chegar em Greystones, cidade praiana próxima a Dublin. O maior desafio foi subir as escadas rolantes da Connoly Tren Station com duas malas grandes. Tentava colocar uma no degrau mas ficava com medo dela cair no chão e fechar a passagem dos irlandeses. Além disso, tinha medo de levar um tombo. Em compensação, precisava que alguém tomasse conta da mala que ficaria na parte de baixo. Como uma boa carioca, não largo do osso. Vai que alguém resolve levar minha mala? Parei um casal de gays (eles me perseguem!) na entrada da escada rolante e fiz um deles levar uma das malas.

A casa onde estou é uma graça. Parece de boneca, daquelas que mostram em filmes ingleses. Vou tirar uma foto e mando depois. Moram lá uma mulher de uns 40 anos muito prestativa e dois filhos adolescentes. A Rita, dona da casa, fala lentamente e tentar manter sempre que possível diálogo comigo. O James é o filho mais novo. Muito inteligente, ele lê o jornal e comentar em voz alta tudo o que o interessa. Ele parece ser bem ciumento em relação ä mãe. O segundo é sarcástico. Ele me trata como um bichinho ou um animal em estinção. Já passaram por lá cinco brasileiros, mesmo assim, ele não se acostumou. Adora rir do meu “poor english”. Um espírito malígno anda rondando minha cama todas as noites por causa disso.

O domingo foi esquisito. Cheguei muito cansada. Mal tinha dormido no sábado ä noite porque saí com os amigos e tive que acordar äs 6h30 para ir pro aeroporto. Na Europa o tempo é muito diferente. O dia começa a amanhecer äs 4h30 e termina umas 21h30. Para mim é muito complicado. Vocë fez tudo o que tinha que fazer e mais um pouco e o dia não escurece. É como dizer: estou morta de cansaço mas não posso descansar! Não acabou o dia.

Conclusão, comi alguma coisa e fui para o quarto dormir um pouco. Quando acordei ainda era dia. Entretanto, eu não tinha relógio para saber que horas eram, não tinha despertador para acordar no dia seguinte äs 6h30 e todos já estavam recolhidos, dormindo. Eles costumam acordar muito cedo. Deu um desespero, parecia que eu estava presa no quarto. Não queria mais dormir, mas estava ainda cansada para ler. Queria ver televisão, conversar, dar uma volta pela cidade, no entanto, não tinha a chave, não podia sair. Resolvi ler para dar sonho e dormi.

No dia seguinte, a Rita acordou-se com o café da manhã na mesa. Estou sendo muito bem tratada. Em São Paulo não tinha uma mordomia dessas. A mesma coisa acontece na janta. Quando chego em casa, ela sempre pergunta como foi o meu dia. Coitada, ela não me conhece. É só perguntar que eu não paro mais de falar! Em inglês é só um pouco menos do que em português.

Na segunda-feira fui até a escola, fiz o exame para ver em qual turma iria ficar. Depois, fui até o Trinity College para fazer a carteira de estudante, ao Bank of Irealand para abrir uma conta e comprei um celular com câmera fotográfica por 65 euros. Acreditam? As fotos não são uma maravilha mas dão pro gasto. Vou esperar até arranjar emprego para comprar uma máquina digital.

Em um mesmo dia, trës vezes fez sol e choveu. Independente disso, faz muito frio. Aqui não tem relógios mostrando quantos graus está fazendo. Mas o meu nariz e minhas mãos dizem que é muito frio. Algumas vezes é difícil até para respirar porque o vento entra na narina queimando. Agora imaginem uma situação: eu, em baixo de uma sacada, almoçando um sanduíche (comida aqui é muito caro), enquanto espero a chuva passar. Ao mesmo tempo, duas meninas irlandesas vestidas com uniforme brincavam na água. Achei surreal! Aqui esqueço vaidade. Sou uma bola que ainda igual a uma pata cheia de roupas ambulante, sendo que os irlandeses andam de blusinha. Que ódio!

Voltando para a burocracia, agora tenho que esperar uma carta do banco chegar comprovando minha residência para conseguir o visto de seis meses na imigração. Atualmente tenho visto de um mês que consegui no aeroporto. Logo após, vou dar entrada no PPS, um documento que me permite trabalhar legalmente.

Hoje foi o primeiro dia de aula. Já fiz vários amigos. Na minha turma tem uma mexicana, uma chinesa, duas espanholas, uma francesa e vários brasileiros. A maioria é de São Paulo. Fiz mais contato com a Camila, de Porto Alegre. Ela está aqui há um meis e meio, no entanto, está muito perdida, sem amigos.

Em compensação, eu já tenho quatro pessoas registradas em meu celular! Conheci uma brasileira no intervalo da aula chamada Erika. Ela me convidou para uma festa de inauguração de uma casa onde vão morar seis brasileiros com ela. É claro que vou. Amanhã vou me encontrar com Leandro, um português de Portugal amigo da Maria. Vou olhar alguns apartamentos com ele em Dublin e depois vamos beber. Entrei em contato com a Consuelo, amiga do Raul (espanhol em SP) e com os amigos do Toluco. Aguardo o retorno dos e-mails.

As casas e prédios comerciais em Dublin são de no máximo trës andares, em sua maioria. Parecem muito com as construções em Londres. O custo de vida é alto para mim, que compro em reais. No entanto, para um irlandës não. Você pode pagar muito caro, como também encontra coisas muito baratas. Só para morar aqui é que você terá mais problemas (a bolha imobiliária também está acontecendo aqui), principalmente para comprar uma casa.

Os ônibus são de dois andares; o transposte público é muito bom; as pessoas são muito agradáveis e prestativas. Uma imitação de havaiana aqui encontrei por 17 euros. O livro do Paulo Coelho é indicado como o 16º na lista dos top 20 em uma livraria no bairro chique de Dublin. Sete pares de meias lycra cano curto custam 5 euros; dois pares de meias grossas para dormir, 1 euro. Um sanduíche em uma baguete custa em média 3,90 euros. Uma água ou suco 1,90 euros.

A cerveja e o vinho por aqui ainda não verifiquei. Desculpem, tenho vergonha em constatar essa informação. Hoje esclarecerei a dúvida. A comida é basicamente batata. Batata assada, batata cozida, batata frita, batata amassada com carne, frango, cenoura, ou algo do tipo. Eles também adoram um chá que é uma mistura de outras folhas/flores que se parece muito com o mate no Brasil. Tomam no café da manhã, almoço, janta. Com leite, sem leite, com açúcar, ou sem.

A Roberta na Irlanda é que está mais calma. Estou apreciando ler mais. O frio acalma. Quero conhecer amigos mais quero estudar mais. Hoje vi que uma gramática de espanhol para aprender sozinho custa 15 euros. Tenho lido jornal. Na sexta passada foi a eleição do novo primeiro ministro. O apelidado Tigre Celta continua em pleno crescimento. Este ano a previsão é de 5% e para o próximo ano, 4%. Conversei com uma amiga mexicana. Vocës sabiam de para um mexicano comprar um euro precisa de 15 pesos? Para nós seriam 15 reais para um euro. É quase impossível viajar e morar fora sem a ajuda do governo. Descobri também que há trinta anos os espanhois não podiam viajar, não podiam emitir passaportes. É verdade? A informação colhi na aula de hoje. O assunto foi sobre ditaduras, herois e ícones.

Eu estou me sentindo uma heroína. Todos os medos passaram. Já cheguei, tenho alguns colegas, tenho autorização para ficar. Agora é só aproveitar.

quarta-feira, maio 16, 2007

Espanhóis no Rio, primeira parte!

Joanna, uma criança de três anos de idade, vivia sua rotina diária com a família. Ela vai para o jardim de infância, brinca com os amiguinhos e depois volta para casa. Tem dois animais de estimação: uma cadela muito mansa e quieta e um gato atentado, quase neurótico. O felino tem síndrome de cachorro; morde todo mundo. Ninguém consegue fazer um carinho que ele morde. E é muito ciumento. Se você fizer um carinho na cadela, ele morde o seu pé e dá umas patadas na coitada depois.

Ela reparou que o mundo em que vivia era maior do que imaginava no colégio. Joanna já está aprendendo a falar inglês. A mãe, orgulhosa, sempre faz exibição da menina prodígio:

- Juju, como é vermelho em inglês? A criança responde:

- “Ruede” (Red).

- Juju, como é amarelo em inglês? A criança responde com cara de orgulho:

- “Iellou” (Yellow).

A esta altura, a Juju já percebeu que há pessoas que falam línguas diferentes. Eis que chega ao Rio a tia Roberta, mais conhecida como Tia Ata, de São Paulo de biquíni para um almoço em família. Ela olhou atenciosamente para a tia com cara desconfiada:

- Oi, Tia Ata! Porque você demorou tanto para chegar? A Joanna sabe que a Tia Ata mora em outro Estado. Mas lá todos falam o mesmo idioma: o português. E já tinham avisado para ela que a Tia estava no Rio. Por isso, no dia anterior, ela se arrumou e ficou esperando a tia chegar em casa. Entretanto, não chegou.

Ao ser questionada pela criança, a Ata respondeu:

- Eu cheguei muito tarde ontem e acabei dormindo na casa de uma amiga espanhola, a Rebeca. Por isso que só consegui te ver hoje. A criança olhou novamente desconfiada, no estilo: você está me enganando, mas tudo bem!

A partir de então, as duas começaram a dançar a dança da Xuxa e a fazer bagunça no restaurante. No fim do almoço, a Joanna não quis deixar de jeito nenhum a tia ir embora sozinha. Ambas foram para a praia de Ipanema encontrar os amigos espanhóis.

Assim que chegaram, os espanhóis começaram a brincar com a Juju. Ela olhou com uma cara como se dissesse “não estou entendendo nada”. No entanto, o interesse principal era brincar. A titia paulista quis ensinar a sobrinha que existem vários paises com línguas diferentes e que eles eram espanhóis. Contou também que “Oi, tudo bem” para eles era “Hola, que tal”.

Todos tentaram veementemente fazer com que a criança falasse “hola, que tal”, entretanto, nada saída. Foi então que um dos amigos comentou:

- Vamos procurar um “Ristorante” para almoçarmos, falou Jesus com sotaque espanhol.

Joanna se sentiu agredida com o erro de dicção e gritou para corrigir.

- Não é assim! É “ressstaurante”, com sotaque carioca.

Jesus tentava falar corretamente e não conseguia. A Juju berrava mais ainda a pronúncia correta. Os dois travaram uma briga até desistirem. E todos, em volta, riam.

Após o primeiro combate, Joanna continuou quieta, prestando muita atenção. Todos queriam ser muito simpáticos. Até que Jesus fez novamente contato. Ao chegar perto, Juju falou baixinho para a Tia:

- Ata, ajeita o meu vestido. O meu peito está aparecendo.

A tia não agüentou e começou a rir. Não acreditava que uma criança de três anos iria se importar com isso. Joanna brincou mais um pouco com Jesus. Depois, foi a vez de outro amigo, Sergio, brincar com a criança.

- O que são esses pauzinhos em suas mãos? Ela respondeu:

- São baquetas! Eu não tenho ainda é o tambor. Vale lembrar que as “baquetas” eram pauzinhos para comer comida japonesa do “ressstaurante” onde almoçaram.

Quando Sergio saiu de perto, a Juju comentou novamente baixinho para sua tia:

- Ata, esse cara não sabe nada. A intenção dela era dizer que ele estava falando o português errado, com sotaque.

A Tia começou a brincar com a criança chamando de “carioca folgada” e ficaram implicando uma com a outra até ir embora.

Após a aventura, as duas foram para a casa do vovô Beto. Quando chegaram lá, Joanna falou para o avô:

- Hola, que “tale”!

Todos começaram a rir. Ela continuou dizendo:

- Vovô, agora eu sei falar duas línguas: inglês e espanhol. “Ruede”, “iellou”, “blue”, “hola, que tale”...

O dia foi tão exótico que à noite, no meio do sono, ela começou a falar enrolado. A mãe acordou e questionou:

- Joanna, o que foi?

Ela continuava a falar enrolado. A mãe perguntou novamente:

- Joanna, o que é?

Ela respondeu:

- Mãe, to falando espanhol.

segunda-feira, abril 02, 2007

Conto, que conto mas não vivi

Estava em casa. Fui direto checar meus e-mails e scraps no computador quando me deparei com um estranho em meu Orkut. Ele dizia que tinha gostado de minhas poesias e, por isso, gostaria de me adicionar. Achei a iniciativa interessante principalmente porque ele também era poeta.

Iniciamos uma conversa por e-mail. Ele demonstrou interesse em ensinar-me sua técnica de escrita. Tanta que passou literalmente na prática. Cada e-mail era um testamento, quase uma Bíblia. Ele encontrou vários evangelhos novos, mas que Jesus Cristo, para ter tanto assunto. O primeiro até li. O segundo, até a metade; o terceiro, a terça parte. O quarto avisei:

- Guri, vou analisar tudo o que você escreveu. Após a decodificação, acredito que em uma semana, responderei. Aguarde o meu contato.

A partir daí, o papo e a poesia virou um drama, tragicomédia, filme de terror. O cara acusou-me de ter preguiça mental. No entanto, da forma mais sutil possível:

- Pessoa, jamais pedi que tu escrevesses porra nenhuma pra mim. Nem esperaria páginas de ti. Não podes isso. Faltam condições, capacidade.

Faremos uma pausa no discurso. Vocês perceberam? É, ele escreve em português culto. Tenta ser culto. Quem sabe, até o é. Ou é paraense. Em Belém, os belenenses falam com sotaque de carioca misturado com português correto. Boa mistura. Uma coisa é fato: ele não tem inteligência emocional. Acho que por isso ele é praticamente um genérico de um cavalo. Ou paraense. No Pará, quando as pessoas querem xingar, usam Égua. Por exemplo:

- Égua, não acredito que fiz isso. Inspirei-me ao ter respondido o primeiro e-mail para o cara. Ou cavalo. Ou paraense.

Ele pode ser paraense porque Égua é a fêmea do cavalo. Será que virei Égua ao responder o chamado do animal?

Cheguei em animais porque após ter me chamado de burra e grosseira e justificar que não há mal nenhum em manter contato mais assíduo com pessoas, que gente normal faz isso, ele questionou:

- Quem és afinal? Um bixo?

Sim. Bicho com “x”. Meu Deus! É. Ele é um animal. Um cavalo. Não pode ser um paraense. Paraenses usam o português correto. Ele é um cavalo assassino. Atropelou o coitado o português.


Daí, ele disse que eu devia ser mal quista, mal amada. Usou um “Porra Meu”. Neste momento, percebi que ele é um cavalo, assassino e paulistano. “Porra Meu” é paulistanos. Continuando, ele dizia que estava decepcionado. Já havia aprendido a lidar com limitações e falsidades. E levantou a questão:

- Tuas poesias são tuas mesmo? Porque agora dá pra suspeitar.

Eu também me fiz a mesma pergunta. As poesias que ele havia encaminhado também eram dele? Por que não vi nenhum erro de português e ele parecia ter inteligência, pelo menos emocional. Acho que ele contratou um revisor. Encerrou este protesto-testamento (eu já alertei vocês quanto a este aspecto, certo?) da seguinte forma: SUMA, POBREZA DE ESPÍRITO PEGA. Sim, com caixa alta. Eu, como uma boa jornalista, editaria a frase acrescentando um ponto de exclamação. SUMA! POBREZA DE ESPÍRITO PEGA. Não digo que a vírgula está errada por não ter certeza. Acho que procurarei o professor Pasquale Cipro Neto no Orkut para questionar.

Gente, ele só queria ser útil, ajudar. Era o que defendia. Ele alertava que o meu silêncio era parte da pobreza que eu não queria transmitir. Eu ainda questionei, perguntei se ele tinha enlouquecido. No entanto, cheguei à conclusão que o meu silêncio não era pobreza. Era preguiça de lidar com pessoas que não sabem o que querem, não sabe o que são e querem culpar a todos por não ter tido uma boa professora de português para tentar, ao menos, traduzir tantas frustrações e incapacidade em se relacionar em algo bonito. Acho que Friedrich Nietzsche consegui. Ele era quase um bicho, com “ch”, raivoso. Não queria ler outros filósofos só para não ser influenciado. Contudo, tinha ótimo português e bom senso. “Não existem fatos, apenas interpretações”, escreveu o filósofo. Tire agora a sua conclusão. A minha é que só adiciono amigos no Orkut.

Obs.: Dedico este conto a uma amiga que passou por esta situação e me relatou.

Bixxcoito
29 de março de 2007

sexta-feira, março 23, 2007

algum momento

Algum momento em sua vida
Você sentiu que se tornou monótono viver
Que perdeu um pouco a graça
Alegria
Que a surpresa se esvaiu?

Em algum momento
Você sentiu que sabia mais que os outros
Mesmo que seu senso crítico alertasse
Que este sentimento não passa de uma ilusão?

Alguma vez você sentiu que só partindo
Para um lugar bem longe
Você poderia lidar com o fato de você mesma
Ter se tornado uma estranha
Que não gosta muito?

Em algum momento
Você sentiu uma pedra de gelo
Tomar ser corpo
Tomar seu gosto
E ocupar seu chão?

Alguma vez
Você se sentiu tão cansada
Até chegar a sonhar com o despertador
A ponto da realidade que te chama
Se tornar apenas algo que te atrapalha o sono?

Alguma vez
Sentiu-se vazio
Ao fazer até as coisas que mais ama?
Começou a infringir regras
Provocar os mudos
Berrar para o mundo
Agir como um cão raivoso
Reclamar de tudo
E sentiu que tudo o que planeja
Pode mudar em um segundo
E não se importar com isso?

Um amigo próximo
Hoje
Pediu que eu chamasse por Deus

Acho que já cheguei a todos os limites
Da loucura
Da luxúria
Da depressão
Da doença
Da descrença

Não sou e nunca fui infeliz
Só tenho que me acalmar
Tenho que parar de buscar
Tenho que achar paz em mim


Obs.: não estou triste. Apenas pensativa.

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Eu não sei

To me sentindo sem rumo
To me sentindo sem sumo, sem meio
To me sentindo meio azedo

O meu trabalho está corrido
O meu trabalho não estou digerindo
Agora acho que nunca vai dar
Nunca vai dar tempo

Quando alguma parte melhora
Quando uma parte da vida se desatola
Quando acho que mereço um pouco de paz
Tudo se desfaz e começa novamente

Sou obrigada a agüentar
Sou obrigada a brigar
Sou obrigada a colocar a cara à tapa

Estou esperando algo novo
Estou esperando que nada apareça de novo
Estou esperando colher o que plantei

Sinto-me sem chão
Sinto-me sem razão
Sinto-me rosnando para o vento

Quero ter calma
Quero ter mais tempo
Quero amar por algum momento
Mas agora não

Não quero ter medo
Não quero ter freio
Não quero viver em sem rumo

Eu não sei ter receio
Eu não sei ter meio termo
Eu não sei viver na rotina

Eu não tenho medo
Eu só me fecho em meu casulo
Eu não sei chorar

Bixx


Poema Para Ninguém

Em alguns momentos
Te quero bem perto
Em outros
Distante

Em alguns momentos
A dependência afetiva me leva para longe
Em outros tantos
Permanece em mim

Em alguns momentos
Amo ser livre
Em outros
A solidão me aprisiona

Em alguns momentos
Chamo por ti
Em outros
Agradeço a distância

Em alguns momentos
Sei que chamas por mim
Em outros
Procura minha semelhança em outras

terça-feira, janeiro 30, 2007

Quem conta um conto, inventa outro

Hoje acordei cedo. Tinha que resolver a última pendência em relação a minha mudança de apartamento. Tirar as coisas de uma amiga que está na Europa do meu antigo apartamento. Tarefa teoricamente fácil. Eis que a experiência resultou em meu mais recente conto.

Peguei o contato de um cara que faz frete com uma amiga. Liguei e, decidi junto com minha amiga ‘internacional”, o custo. Eram R$ 70 para levar uma secadora de rouca do tamanho de uma máquina de lavar e uma mesa de centro de vidro. A mesa já tinha sido quebrada em uma das tradicionais baladas na Pensão Apinajés. Concertei. A secadora não tive problemas; nunca nem liguei.

No telefone, expliquei que era para levar as coisas da Vila Madalena até a Granja Viana. Uma curta viagem. No dia anterior, o cara veio com o seguinte papo:

- Dona, estou ligando para confirmar a mudança amanhã e pegar o seu endereço. Passei os dois endereços, o de retirar as coisas e o de entregar. Daí começou a piada:

- Dona, a senhora não me disse que era na Granja Viana. Eu achei que era na Guiana, uma rua perto da Av. Rebouças. O custo do frete vai aumentar em R$ 80.

Respondi tentando não demonstrar o meu sarcasmo. Vamos combinar! Guiana era muita criatividade. Nem me dei o trabalho de saber se existia esta rua:

- Como assim? Eu expliquei exatamente qual era o local. Argumentei e me fazendo de cínica.
- O senhor vai aumentar então em R$ 10 o frete? De R$ 70 para R$ 80. É isso? Falei quase rindo. O cara respondeu:
- Não senhora, Dona. O frete vai aumentar para R$ 150.

Neste momento, eu disse que ia checar com minha amiga “internacional” se ela topava pagar os R$ 150 e que daria retorno. O cara quis ser mais esperto do que eu. No dia seguinte, às 8h30, ele apareceu lá em casa. Quando atendi o interfone, ele se identificou. Eu respondi:

- Eu não tinha avisado ao senhor que eu tinha adiado o serviço? Inclusive deixei recado no seu celular para ratificar?

Ele, puto, argumentou:

- Eu não vi recado nenhum. E a senhora não desmarcou, não. Eu não vou arcar sozinho com o prejuízo. A senhora vai ter que me pagar pelo menos R$ 30 de gasolina. Daí eu já fui debochada.

- O senhor não escuta o que eu falo, não atende o celular e não acessa a sua caixa postal e sou eu quem vou ter que arcar com o custo? Eu não tenho dinheiro para dar ao senhor.

Baixei a mulher “macho” pelo seguinte: o cara tinha o meu celular e o endereço da minha casa. Entretanto, nunca tinha visto a minha cara. Sair do apartamento, várias mulheres iriam sair. Agora, ele perceber quem eu era, seria difícil. Então, como uma carioca exxperta, comecei a imaginar quais eram as possibilidades dele me identificar. Viajei tanto na batatinha que inclusive coloquei o meu celular no silencioso. Vai que o cara do frete decide ligar no meu celular quando cada mulher tivesse saído do apartamento para saber quem eu era? Tudo bem que eu ia perceber... mas nada neste momento é racional. Apenas meia-hora depois da discussão eu teria que sair de casa para trabalhar.

Ao deixar no silencioso, o celular ia tocar, não faria barulho e eu nunca iria atender nenhuma ligação até chegar no Metrô. Você me acha louca? Antes louca do que encrencada. Bom, o celular não tocou. Mas fiquei olhando, de canto de olho para não me boicotar, para ver se tinha algum carro que pudesse ser do cara do frete. Olhei, claro, antes pela janela na hora de sair de casa.

Depois do ocorrido, pesquisei outros fretes. Achei um na Cupecê. Liguei, combinei o serviço pelo valor de R$ 60. Neste momento, acreditei que tinha valido cada segundo de histeria e preocupação que passei naquele dia. Rá! Como eu estava enganada.

O cara da “Cupecê” era muito simpático, educado, bem arrumado. Todos os “ados” da vida. Ajudou-me a carregar as coisas até a Fiorino. Eu ainda prometi dar a ele um fogão e uma geladeirinha que a minha amiga que está morando no meu apartamento pediu para doar. Tudo indo muito bem. Até que entramos no carro e ele começou a falar. Falamos sobre amenidades até ele resolver desabafar. Quase chorei.

Ele começou a contar que ele tinha passado por uma crise no casamento de quase 30 anos há um ano. Estava tudo indo muito bem em casa. No entanto, uma amiga fofoqueira tinha estragado a felicidade dele. Ele disse que a mulher dele era espírita e que tinha conhecido outras amigas. Uma delas está separada há seis meses. E mais, tinha uma paquera no centro espírita. Veja você: a mulherada está tão desesperada para arranjar namorado que arranja até religião pra colocar em prática o plano maligno. Já percebeu que é só se separar que homens, e principalmente mulheres, procuram pela ajuda divina?

Bom, ele me descreveu uma mulher instável, fofoqueira, insatisfeita, invejosa. Após a descrição, ele contou o que aconteceu. Um dia, enquanto a mulher não havia chegado em casa, ele resolveu puxar papo com a “Fifi” (fofoqueira). Na altura do campeonato já imaginava uma daquelas vizinhas fofoqueiras, que ficam na janela tricotando, à moda Nelson Rodrigues.

Ele iniciou o papo da seguinte forma: olá Rita, tudo bem? Como anda a vida? E o tal carinha que você estava gostando do centro espírita? Ah! Ele não está mostrando interesse? É que esses homens não querem nada sério com as mulheres. As mulheres estão muito possessivas. Uma mulher bonita como você, tão tranqüila como você, paciente, com uma pele tão bonita, com uma cor morena tão bonita, com um corpo tão cuidado, não dá para não se interessar. É que esses homens gostam de profissionais do sexo, que não dão trabalho. Perto do meu trabalho (aeroporto) tem um monte.

Outro dia, a Rita ligou duas vezes para a mulher dele. Foi ele quem atendeu ao telefone pois a esposa estava ocupada. Depois de um tempo, a mulher dele disse que ia ao salão de beleza e que, no caso da Rita ligar, por favor pedisse que fizesse contato no celular. Ele quis ser tão gentil que antes da Rita ligar, ele ligou pra ela! E falou pra ela aparecer na casa dele que é perto do salão.

Até aí, a história já estava esquisita, mas não julguei. Eu gosto de dar corda ao ser humano pra ver até onde ele irá chegar. Uma vez li um livro chamado “O Segredo de Joe Gold” que contava a história de um cara que estudou em Harvard, uma das mais conceituadas instituições de ensino nos EUA, no entanto, tinha largado tudo para virar mendigo. O objetivo era escrever a bíblia da humanidade. Escrever um livro contando a vida cotidiana, a vida de cada um. Achei interessante a idéia. Não, calma. Não vou escrever a sua vida. Você é meu amigo, ainda prezo pela nossa amizade. Entretanto, me trate sempre bem.

Também pensava sobre o quesito confiança. Por que as pessoas confiam em mim? Por que têm vontade de desabafar comigo? Não é pra confiar! Eu sou uma cretina! Eu sou linguaruda! Neste caso, por exemplo, não só contei para os amigos como escrevi um conto e mandei até para os amigos que moram nos EUA e Europa! Quer mais que isso!

O cara do frete não parava de falar. Ele disse que neste dia a Rita não só encontrou com a mulher dele como ficaram conversando até meia-noite. Ele tinha percebido que a “Fifi” tinha aberto a boca. E mais! Tinha contado a história “totalmente deturpada”! Ele só queria ajudar! Fazer com que ela se sentisse melhor! Afinal, eles tiveram foi um “papo” de adultos! Ela foi infantil e invejosa. Queria ver a mulher dele separada. Ela, por outro lado, não só acreditou plenamente na amiga, como pediu o divórcio e o colocou pra fora de casa.

Eu que sou uma carioca desconfiada, já questionei:

- A sua mulher nem duvidou da amiga? Peraí, o motivo da crise há um ano foi de mulher?

Ele confessou.

- Foi. E esta eu confessei. Realmente errei.

Em um dia normal, como outro qualquer, ele estava em casa sozinho. Somente a emprega de 25 anos, muito inocente, estava no doce lar. Limpava a varanda com água. Ele resolveu assistir no meio da tarde um filme pornô. E mais, convidou a empregada pra ver.

- Fulana! Você quer ver uma coisa proibida? E ele alegava que tinha avisado que era proibida.

Quando a empregada viu o que era, chamou todos os santos. E a irmã da mulher dele. E depois, com a ajuda da cunhada, a empregada foi à delegacia e deu parte por assédio moral.

E eu quase fui acusada de assédio moral. Nesta hora eu não agüentei! Pensei como poderia sair do carro e ir para casa. Estava no meio da Raposo Tavares com trânsito. O cara era um louco! Pervertido! Mostrar filme pornô pra empregada. Surreal! Pervertido júnior. Metido a esperto. Eu me controlei. A minha língua não.

- Cara, como você pôde fazer isso! E dentro de casa! Tá maluco! Continuei:
- Nossa! Você foi muito burro! Homem é burro! Na hora de fazer cagada, escolhe fazer dentro de casa! Ou com alguma amiga da mulher! Ou em um local onde todos podem ver! Se quer trair, aprenda pelo menos a fazer!

Eu não consegui me controlar com a cara de pau! Eu que não tinha nada haver com o cara já estava achando que ele era um cretino. E olha que não escutei a versão da mulher dele. Como ela conseguiu ficar 30 anos com ele? Acho que foi milagre do espírito santo.

Ele se defendeu:

- Mas eu não sei onde fazer. O ser humano acaba perdendo a cabeça. É normal. Eu acabo cometendo meus erros em casa, no trabalho ou com os clientes, com quem acabo convivendo. Neste momento, ele deu uma olhada de rabo de olho. Quase berrei! Olhos pra cima! Se baixar, eu te mato!


Daí, ele argumentou que ele já ficou sabendo de uma traição da mulher e que se ela dissesse que tinha necessidade de traí-lo novamente para matar a vontade de estar com outra pessoa, ele deixaria. No entanto, não queria perder ela por nada desse mundo. Não imaginava outro homem morando na casa que era dele. E eu já traduzindo: ele gostava de suruba!

Respondi:

- Vende a casa então. Assim, você compra outra, ela também e você pode aprontar quantas vezes quiser.

Neste momento, estávamos chegando em minha casa. Quando ele estava estacionando, o telefone tocou. Olhou-me com cara de que estava aprontando e disse:

-É da minha casa. É minha filha ou ela – minha mulher. E atendeu.

Começou a conversar e nisso eu estava dando tchau para sair do carro. Ele fez que era pra eu esperar. Parecia que era amigo! Quase usei as comunidades do Orkut: Sou Legal, Não Estou Te Dando Mole ou Vem Cá, Te Conheço? Eu só disse que estava com pressa. Fui embora.

Agora me explica. O que fiz a Deus? Termino também com a tática do centro espírita. Chamando por Jesus, Maria, José e os apóstolos em fila.

terça-feira, janeiro 23, 2007

Confesso que no último ano tive de tudo
Sexo selvagem
Animal
Com certa agressividade

Sexo calmo
Um amante à moda antiga
Com carinho e certa calma

Todos são gostosos
Contanto que sejam prazerosos
Que o desejo não se perca

O agressivo
Pode virar impulsivo
E causar a falta de tolerância
Ou um certo nojo após
(apenas sexo é bom na hora, dá um vazio depois)

O amoroso
Pode virar cansativo
O carinho ser demais
E o sono adentrar em minha cama

Descobri
Que o amor nasce na cama
No meu caso
Mas não necessariamente de uma boa transa
Já me apaixonei por um cara
Que me abraçava depois
Como se meu corpo não me pertencesse mais

É
Não tem jeito
Vou tentar destrinchar os meus desejos
Tentar passar em palavras
O que meus sentidos me consomem por dentro
E que me fazem virar escrava
Do prazer intenso

segunda-feira, janeiro 15, 2007

Traição

Raiva, indignação
A sensação de que nunca terá perdão
Conviver diariamente com uma pessoa
E descobrir que cada dia foi uma mentira
Essa é a sensação da descoberta da traição

Vontade de fazer com que a pessoa indigna
Sinta a mesma coisa que um dia senti
E descobrir que, como se não bastasse a sacanagem,
Mentiras ainda estão por vir

Agora estou em uma situação:
Conto minha versão
Ou me torno um vilão

Esta situação é ridícula
Uma pessoa que não sabe respeitar laços é mesquinha
Que usa da sua lábia
Da mentira, da oportunidade, boa fé e abstinência para justificar os erros
Não merece perdão

O único fato que me acalma
É que convivi com uma farsa
Mas a minha vida é de realizações, verdades
Dinheiro, recupero
E me afasto de desculpas, falcatruas e limitações

Não digo que um dias a pessoa irá pagar
Porque dinheiro nunca tem
E vergonha na cara nunca teve

No entanto, já paga com a vida perdida
Paga com a solidão que sempre acompanha

Na verdade, não fui eu. É outro quem perdeu.

Bixxcoito