quarta-feira, novembro 21, 2007

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Completo seis meses de Europa este mês. Agora me sinto um pouco mais confortável para escrever sobre as minhas experiências. Não só aqui na terra antiga. Vou falar também sobre meus sonhos. Fiz minha vida um alcançar, realizar e me perder em desejos. Aprendi que qualquer que seja o seu sonho, realizá-lo sozinho não satisfaz. Tive que realizar este sonho, o de viajar para a Europa, para compreender isso. Confessei para amigos que o fato de amadurecer, fiz isso ao morar em São Paulo com 20 anos. Passar perrengue, conhecer as mulheres que posso e quero ser. Tornei-me extremamente fria, muito sentimental. Sofri, chorei por desespero. Todas as vezes que chorei, na verdade, foram por medo da morte. Seja de uma amizade, de um amor, de decepcionar quem amo, de uma “fase da vida” que acabou. Tudo passa.

Quando vim para Dublin, chorei até sentir minhas pernas fracas por medo. Não do que poderia enfrentar, das coisas ruins. Senti medo das coisas boas. De não conseguir enxergar mas a São Paulo que conheço com os olhos apaixonados que sempre tive. Tive medo de mudar e não me reconhecer mais em minhas rotinas. Não me satisfazer mais com o Brasil. Isso não aconteceu. Tudo mudou, no entanto, da melhor forma possível.

Na Irlanda, vi-me derramando lágrimas por ter que me despedir de uma amiga tão querida, tão próxima – apesar do pouco tempo que nos conhecemos. Dei-me conta de que mais uma fase estava se acabando. Fiz novamente uma coisa que odeio. Nada será como foi. Não quis aceitar, por algumas horas, que tivesse finalizado.

O mesmo acontecerá quando voltar. Sampa não será mais a mesma. Não quer dizer que a graça tenha acabado. Só ira mudar. Vou continuar a “chorar” por sentir saudade de algo que passou, mesmo sendo feliz no presente.

Agora sinto um vaco. Fiz a viagem dos meus sonhos, por cinco países, e já necessito de outras metas pelas quais lutar. Esta “trip” me ensinou que, se foi perfeita, foi porque pude dividir com pessoas queridas. Seja em um texto enviado por e-mail, seja vivendo com amigos ao lado, seja por ter encontrado pessoas fantásticas durante o trajeto.

No último fim de semana trabalhei como garçonete com pessoas interessantes em um evento. Vi uma cena que me chamou a atenção. Como a idade cronológica não significa necessariamente maturidade. Um “homem” de 22 anos ser gentil com uma “menina” de 50 anos. Ele simplesmente se ofereceu para limpar uma mesa, suja pelos pratos de janta que quatro pessoas. A mulher brigou, ralhou, dizendo que ele não tinha obrigação, que o serviço era dela, que ele não devia fazer, que ela iria levar os pratos dela. Ele respondeu que não se importava. Virou e simplesmente saiu com os pratos na mão. Hoje admiro ainda mais pessoas assim. Os jovens conservam algo que o tempo apaga.

Em todos os países pelos quais passei, escutei uma musica chamada “One”, do U2. Acredito que os duendes irlandeses me ensinaram que devemos dividir, respeitar e cuidar uns dos outros – como se fossemos “um”. Isto porque, qualquer lugar do mundo pode ser especial se temos quem amamos e gostamos por perto.

Um comentário:

Rildo Barros disse...

É incrível como me identifico com este teu texto e suas vivência. Tb vivenciei sair do RJ e vir para São Paulo e amar a cidade que eu continuo adorando. Agora me falta a Europa, esta parte que vc estpa vivendo, no entanto me falta coragem. Saudades. bjão