quinta-feira, novembro 16, 2006

Mentiras que os pais diziam

Mentiras que os pais diziam

A gente cresce escutando da mãe e, principalmente do pai,
que devemos tomar cuidado e temer os "homens". Porque
meninas direitas não podem ser "avançadinhas". Elas podem
ficar mal faladas. Os homens não dão valor. Como sou
esquerdista, criei um novo conselho: meu filho, tome
cuidado com essas meninas independentes. Não tome drinks
e smirnof ice na frente delas. Elas podem não te levar
a sério.

Com uma certa freqüencia escuto dos caras com quem me
envolvo: você me assusta. Ou, você é fogo. Está difícil
encontrar homem mais macho do que eu. Não é no conceito
de vestir ou agir. É no emocional. Hoje os homens estão mais "sentimentais", "femininos".

Parece que nas histórias infantis os papéis se inverteram.
Os homens assumiram o papel da Chapeuzinho Vermelho e as
mulheres, o Lobo Mal. Costumo tornar minhas histórias
sentimentais em comédias pastelão. No máximo evoluir para
comédias românticas. Os homens sempre acabam transformando-as
em trillers, histórias de terror. No fim, vira mesmo um
drama. Detalhe, o final é sempre o mesmo: como no máximo
um saquinho de pipoca e volto pra casa sozinha.

O pior é que não sou a mulher fatal, que conquista e pisa
em cima dos homens por esporte. Apenas trato a todos que
se aproximam com carinho e atenção. Percebi que isso
assusta mais do que o Freddy Krueger (A Hora do Pesadelo).
O resultado é o mesmo: perturbo o sono dos outros.

Há pouco tempo, não pude nem chegar perto do pescoço de um
amigo colorido porque ele queria dormir depois. Ninguém merece!
Dispensaram-me não por outra mulher e sim, pelo anjinho da
guarda - uma doce companhia. Nessa, quem perdeu o sono fui eu.
Não. Ele está afim de mim. O pior é isso. No entanto, o jogo
duro, que era da responsabilidade da ala feminina, agora mudou
de time. Onde esse jogo vai parar?

O fato de não me comportar como todas as mulheres costumam
agir apavora. O certo é se apaixonar no primeiro cafuné e
atenção e, em seguida, pressionar para um relacionamento
sério. Porque não somos qualquer uma! Eu fujo do script.
Não quero namorar. Não quero nada sério. Quero curtir
a companhia e o carinho de quem eu escolho. Tento até me
fazer dócil, com um ar de apaixonada para não assustar tanto.
No entanto, quando a cerveja entra, a verdade sai.

Por exemplo, eu sou a rainha dos trocadilhos. Não consigo
escutar um elogio sem fazer uma gracinha depois. Após um
período parado, me olhando, um amigo colorido fala:

- Sabia que você é muito linda?

Após um curto período com um olhar misterioso, respondo:

- Ok. O que você quer? Pode pedir.

Risadas desfecham o episódio. Tenho uma grande capacidade
de abrir a boca na hora errada e falar o que não devo. Tenho
que explicar. Não é por mal. Eu sou sem noção mesmo. Quem me
conhece, sabe. Não é à toa que continuo sozinha. Não sou
romântica e sou piadista. Só louco para aguentar meu jeito.
O fato de eu não levar a sério algumas situações não quer
dizer ausência de sentimento. É falta de óleo de peroba na
minha cara de pau. Tchau.

Obs.: as histórias que escrevo são satirizadas. Senão não seriam
engraçadas.

Bixxcoito
16/11/06

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